sábado, 30 de outubro de 2010

As Intermitências da Morte - José Saramago

Título: As Intermitências da Morte
Autor: José Saramago
Nº de Páginas: 231
Editora: Leya - Colecção Bis
Preço: 5,95 €

Sinopse: « «No dia seguinte ninguém morreu. Assim começa este romance de José Saramago. Colocada a hipótese, o autor desenvolve-a em todas as suas consequências, e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência.»

Depois de ler Ensaio sobre a Cegueira e O Homem Duplicado, as expectativas estavam altas em relação ao que podia ler no futuro de José Saramago. Depois de ler este terceiro livro do autor, posso dizer que muito provavelmente encontrei o meu escritor preferido. E engane-se quem pensa que o digo englobando apenas escritores de língua portuguesa, pois digo-o a nível mundial.
Saramago tornou-se aos poucos num daqueles autores  de quem pretendo ler a obra completa, ou pelo menos grande parte dela - assim como Eça de Queirós ou Tolstói, por exemplo- o que revela todo o meu fascínio pela sua escrita.

Nesta obra em concreto, Saramago escreve na sua maneira típica, uma narrativa inverosímil com uma mensagem muito terrena, repleta de críticas às mais diversas identidades e grupos sociais (como é o caso da igreja).

Num país onde a morte deixa de operar desde o primeiro dia do ano, os seus cidadãos tornam-se num povo feliz e até invejado pelos habitantes dos restantes países. Algo que não dura muito, pois passado pouco tempo começam a surgir as verdadeiras consequências de tal acontecimento; amontoam-se os doentes terminais, a quem a morte não vem buscar como fazia antigamente, algumas industrias sofrem um abalo descomunal - como por exemplo a indústria funerária, que já não tendo ninguém para enterrar teve de se contentar com o enterro de animais domésticos. Acontecimento que por conseguinte leva a que algumas famílias opte por passar a fronteira limítrofe com os seus entes queridos, matando-os de imediato, acto que depois viria a ser desempenhado pela máphia local a troco de dinheiro.
Ironicamente, a morte regressa ao activo levando o país bastardo de volta à normalidade.
O livro tem um desfecho incrivelmente surpreendente, digo-o desta maneira para não estragar a leitura de uma obra que tanto prezo, embora as minhas reviews/opiniões/críticas contenham sempre spoilers (pois também acho que faz parte de uma boa crítica adoçar a boca aos leitores da mesma com um pouco do que de positivo ou negativo tem o livro em questão).

Da minha humilde percepção e ponto de vista, Saramago quis com esta obra mostrar que até a morte é parte importante e até mesmo essencial para o desenrolar da vida "normal" de uma sociedade, sendo que consegue também mostrar o valor da vida, tantas vezes menosprezado e esquecido.

Este autor fascina-me a cada palavra lida, a cada frase, a cada página, com uma escrita inconfundível onde se reflecte um espírito superior ao dos demais autores. José Saramago para mim não é apenas um escritor, mas sim o escritor. Sinto um misto de vários sentimentos ao pensar nas tantas obras que tenho ainda para ler deste autor; sinto pressa e uma vontade enorme de explorar a sua obra até à ultima gota, sinto uma alegria enorme por saber que tenho ainda mais de uma dezena de obras suas para ler mas ao mesmo tempo sinto alguma tristeza por saber que essa mesma lista de obras nunca mais será aumentada

Sinceramente, quando penso em José Saramago sinto orgulho por se tratar de um autor português e sinto uma espécie de pena misturada com vergonha pelo modo como foi tratado por vezes no nosso país, que o levou a isolar-se em Espanha, pois embora tenha sido claramente uma opção pessoal, penso que deve ter sido com grande mágoa que abandonou a sua pátria.

Memorial do Convento, Objecto Quase e Todos os Nomes, são agora as obras do autor que almejo ler num futuro que espero ser o mais próximo possível. O que é algo contraditório, pois neste momento encontro-me em fase de Stop no que toca a comprar livros, pois tenho nas minhas estantes dezenas de livros por ler que decidi não atrasar mais, o que faz com que só volte a ler autores pelos quais me tenho apaixonado daqui a algum tempo.

Aconselho vivamente quem nunca leu José Saramago a experimentar e penetrar nos confins da sua obra, pois têm muito por onde escolher, sendo que daquilo que conheço aconselharia O Homem Duplicado como o livro ideal para se começar a ler este autor. Valorizem aquilo que de melhor temos no nosso país.

Boas leituras,

Fernando

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Colecção de Livros Com a Revista Visão


Como é habitual, a Visão lança mais uma colecção de livros de venda conjunta com a revista. Desta vez o tema é relacionado com livros que originaram filmes, já se sabe que está todas as quintas feiras nas bancas portanto resta-me apenas dizer que a colecção começa dia 4 de Novembro com o livro «Este País não é Para Velhos, de Cormac McCarthy. Abaixo deixo-vos a lista completa das obras que integram a colecção e o respectivo dia de lançamento para as bancas:

4 de Novem­bro: Este País Não É Para Velhos, Cor­mac McCarthy
11 de Novem­bro: Eu Sou a Lenda, Richard Mathe­son
18 de Novem­bro: Casino Royale, Ian Fle­ming
25 de Novem­bro: Mil­lion Dol­lar Baby, F.X. Toole
2 de Dezem­bro: O Estra­nho Caso de Ben­ja­min But­ton, F. Scott Fitz­ge­rald
9 de Dezem­bro: Pre­ci­ous, Sapphire

Cumprimentos,

Fernando

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Memória das Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez


Título: Memória das Minhas Putas Tristes
Autor: Gabriel García Márquez
Nº de Páginas: 90
Editora: Leya - Colecção Bis
Preço: 5,95 €

Sinopse: «No ao dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei-me de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar os seus bons clientes quando tinha uma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma das suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza dos meus princípios. A moral também é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, tu verás.»

Em Memória das Minhas Putas Tristes fala-se de amor, um amor que surge de forma inesperada quando ao perfazer os seus 90 anos de existência o narrador decide presentear-se com uma noite de sexo com uma adolescente virgem. É nessa prometida noite que o narrador conhece a jovem por quem acaba por se apaixonar, mesmo nunca tendo falado com ela ou sequer visto-a acordada, pois todos os seus encontros se deram com a jovem a dormir. Esta é uma estória bastante interessante que me levou a pensar sobre as várias formas de amor platónico, e esta é certamente uma das mais caricatas, pois os seus dois integrantes são uma bela adormecida que durante todos os encontros está a dormir e um nonagenário que apesar da idade ainda se sente bem de saúde e que escreve uma rubrica jornalística, que é basicamente tudo aquilo que faz da vida, até ao dia em que conhece a bela jovem.

Esta é a segunda obra que leio de Gabriel García Márquez, sendo que a primeira foi «Ninguém Escreve Ao Coronel», que é também uma pequena novela e que à semelhança desta tem poucas páginas, aproveito para dizer que posteriormente será publicada a minha opinião dessa mesma obra aqui no blog. Estas duas pequenas novelas serviram para me apresentar à escrita de García Márquez, que em pouquíssimas páginas conseguiu apaixonar-me e querer ler algo mais da sua autoria. Sei que no seu reportório figuram obras de outro tipo, do género de livros que estou habituado a ler e é isso que vou procurar, pois tenho lido opiniões bastante interessantes acerca de romances como "O Outono do Patriarca", "O Amor em Tempos de Cólera" e do tão aclamado "Cem Anos de Solidão", que já estou para ler há já algum tempo.

Espero com ansiedade o dia em que volte a ler algo deste escritor, algo maior do que aquilo que tenho lido.

Cumprimentos,

Fernando

Ah, a Literatura!

Boas notícias para aqueles que - como eu - não têm Meo e por conseguinte não têm o canal Q, agora já pudemos ver o mais recente programa televisivo de cariz literária através da Internet. O programa «Ah, a Literatura!», já tem blog. Abaixo fica o link, e aproveito para vos aconselhar a verem mesmo os programas mais antigos - os dois primeiros - pois foram ambos muito bons, na minha humilde opinião, é claro.
Para quem não sabe, o programa dá semanalmente no canal Q e é apresentado por Catarina Homem Marques e Pedro Vieira, a quem eu quero desde já dar os parabéns pelo belo programa que fazem.
Aproveitem.

Link: http://ahaliteratura.blogs.sapo.pt/

Cumprimentos,

Fernando

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Citações #3

« - Gosta do mar, capitão.
   - Sim! Amo-o! O Mar é tudo! Cobre sete décimos do globo terrestre. O seu ar é puro e sadio. É o imenso deserto em que o homem nunca está só, porque sente a vida por todos os lados. O mar não é mais que o veículo duma existência sobrenatural e prodigiosa; não é mais que movimento e amor; é o infinito vivo, como disse um dos vossos poetas.»
20 000 Léguas Submarinas, Júlio Verne

domingo, 17 de outubro de 2010

Visionários

Visionários é um documentário sobre os pais da ficção cientifica - Júlio Verne e H. G. Wells - onde pudemos verificar factos simplesmente extraordinários, como o facto de ambos os escritores terem escrito por volta do Séc. XIX obras sobre viagens à lua, máquinas do tempo, e engenhos submarinos, factos esses que têm vindo a tornar-se realidade ao longo do tempo. Decidi colocar este documentário aqui no blog para que quem o visita fique a conhecer mais sobre o autor da obra que de momento estou a ler - Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne - pois acho também que é uma boa maneira de cativar a atenção dos visitantes para estes conhecidos (não tanto como deveriam ser, infelizmente) profetas da literatura de ficção cientifica. Apreciem.


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Boas leituras,

Fernando

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Revista Bang!


«A Bang! 7, que regressara ao formato impresso depois de uma temporada em digital, revelou-se aquém das expectativas em termos de recepção do público e vendas. Muitos culparam a falta de distribuição, o facto de estar disponível apenas por venda online no nosso site, o preço, etc.

E de facto, todas essas circunstâncias, e mais alguma, contribuíram para que as nossas expectativas não fossem cumpridas.

Por isso, havia dois caminhos a seguir: continuar pelo mesmo caminho que iria eventualmente conduzir à revista Bang! de novo em formato digital, ou tentar algo de novo e mais ambicioso, mas desta vez tudo feito pela equipa da editora. O editor surgiu com um plano e fez a proposta para um novo parceiro, proposta essa que levou tempo a ser negociada, enquanto tudo era mantido no segredo dos deuses.

Agora podemos começar a divulgar os factos: o novo parceiro da revista Bang é a rede de livrarias Fnac. Significa que a revista será distribuída exclusivamente na Fnac. Além disso, a nova revista Bang! será não só distribuída, mas publicitada nas livrarias.

Isto significa o quê?  Terá uma tiragem de 8000 exemplares e será colocada num expositor próprio da revista junto à secção de literatura fantástica das Fnacs do país inteiro. A revista irá ser em formato A4, com miolo a cores e terá 64 páginas, com publicação trimestral.

Não haverá preço. A revista será inteiramente gratuita. Qualquer pessoa pode pegar na revista e levá-la à casa, sem comprar livros. Está confirmada a sua presença nos eventos de Novembro, Colóquio Mensageiros das Estrelas e Fórum Fantástico, e será distribuída gratuitamente na compra de livros no site da SdE e na fnac.pt (apenas em livros de literatura fantástica). O site da SdE e a fnac.pt irá também disponibilizar uma versão PDF.

Os conteúdos tentarão ser abrangentes, embora 64 páginas imponham um limite à nossa imaginação. Para esta edição, podem contar com contos inéditos de autores estrangeiros e nacionais, ensaios e textos de várias personalidades do fantástico português e não só, banda-desenhada, críticas, sugestões de livros, uma rubrica chamada Távola Redonda que, nesta edição, constitui um conjunto de entrevistas sobre uma determinada temática. Os conteúdos não se limitam a material da Saída de Emergência. Na próxima semana, iremos começar a revelar excertos da revista.

Se desejam colaborar com a revista podem fazê-lo. A revista não está fechada a colaboradores convidados, pelo contrário, queremos mais do que tudo novos colaboradores mas que respeitem os nossos critérios editoriais exigentes. Os leitores terão indicações na revista de como enviar ficção e não-ficção (ensaios, críticas literárias, até entrevistas podem ser submetidas), mas as submissões terão que ser previamente aprovadas pelo departamento editorial da revista.

Temos consciência que passámos de 8 para 80 mas tem sido um projecto no qual numa coisa mantivemos a coerência: em cinco anos nunca desistimos, sempre tentando cumprir as nossas expectativas e as dos nossos leitores, de uma forma ou outra.

Para finalizar, não queremos deixar de agradecer a Fnac pelo apoio e por ter acreditado neste projecto, e aos nossos leitores que têm possibilitado o crescimento e sucesso da literatura fantástica.»

Fonte: http://saidaemergencia.blogs.sapo.pt/

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Capitães da Areia - Jorge Amado


Título: Capitães da Areia
Autor: Jorge Amado
Nº de Páginas: 280
Editora: Leya - Colecção Bis
Preço: 5,95 €

Sinopse: «Capitães da Areia é o livro de Jorge Amado mais vendido no mundo inteiro. Publicado em 1937, teve a sua primeira edição apreendida e queimada em praça pública pelas autoridades do Estado Novo.
Em 1944 conheceu nova edição e, desde então, sucederam-se as edições nacionais e estrangeiras, e as adaptações para a rádio, televisão e cinema.
Jorge Amado descreve, em páginas carregadas de grande beleza e dramatismo, a vida dos meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Bahia, conhecidos por Capitães da Areia.»

A narrativa começa com a transcrição de várias notícias de jornal nas quais se falam de grupos de crianças abandonadas que andam a apavorar as ruas da Bahia numa onda de assaltos, e é sobre essas mesmas crianças e adolescentes que esta obra nos fala, nomeadamente de um grupo organizado de crianças, os Capitães da Areia, como se auto intitulam. Os Capitães da Areia são um grupo constituído por dezenas de crianças e adolescentes, liderados por Pedro Bala, de quem as autoridades só sabem que tem uma cicatriz no rosto e que é o mais perigoso de todos eles. O pai de Pedro era um grevista que morreu durante uma greve, era um líder e Pedro herdou isso do pai, o seu pai - o Loiro, era o líder dos grevistas, Pedro é o líder dos Capitães da Areia. Durante o livro vamos descobrindo pormenores das vidas de vários membros dos Capitães da Areia. Descobrimos que o Sem-Pernas foi surrado por policias enquanto o seu superior observava, descobrimos que Volta-Seca admira Lampião e que quer ser como ele um dia, descobrimos que Pirulito quer ser padre, para felicidade do padre José Pedro. A obra divide-se por capítulos devidamente dedicados a cada um dos personagens, de modo a que o leitor conheça melhor cada um deles, sendo que também existem capítulos onde surgem vários dos Capitães da Areia a actuarem em conjunto, demonstrando o seu companheirismo, as regras pelas quais se regem e a sua arte - a arte do roubo.


Quem conhece a situação que se vive actualmente no Brasil sabe que existem muitos meninos abandonados por toda a parte, já oiço falar disso desde o tempo dos arrastões - assaltos praticados por bandos de crianças e jovens nas praias brasileiras. Para além da problemática criminal proveniente das favelas, existe também uma onda de crimes praticados por crianças das cidades, crianças que habitam em lugares desumanos como barcos virados do avesso nos areais ou armazéns abandonados perto dos portos marítimos. Jorge Amado aborda um assunto que na minha opinião nunca foi tão actual, pois cada vez à mais crianças abandonadas por todo o Brasil. Apesar do livro ter sido publicado pela primeira vez em 1937, tendo sido essa edição apreendida e queimada em praça pública, Capitães da Areia é de uma actualidade arrepiante, algo que na minha humilde opinião diz muito de Jorge Amado.


Trata-se de uma obra constituída por uma escrita simples, com uma mensagem de companheirismo e absolvição da culpa dos meninos abandonados. Penso que a mensagem principal de Jorge Amado nesta obra era mostrar que os "meninos ladrões" não têm culpa da vida que levam, elas simplesmente não tiveram outra escolha.
 
Sem ter uma razão em especial, posso dizer-vos que Jorge Amado é um daqueles escritores que ainda mesmo sem ter lido qualquer obra sua já em mim morava um enorme fascínio por ele (assim como García Marquez, Pepetela ou Eça de Queirós). Esse fascínio precoce geralmente tem sido bem correspondido, pois devo dizer que normalmente quando pego num livro de um desses escritores o devoro em pouquíssimo tempo...só posso desejar ler Jorge Amado em breve.

Não posso deixar de recomendar esta obra a todos os visitantes do blog, pois creio que vos fará pensar duas vezes acerca de certas situações com que nos deparamos no dia-a-dia. Eu pelo menos senti isso, de cada vez que saí à rua depois de ler esta obra, em relação à pobreza que me é esfregada na cara por todo o lado.
Leiam que não se vão arrepender.

Cumprimentos,

Fernando

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Nobel da Literatura 2010

Todos nós sabemos o peso que tem este prémio na carreira de um escritor, e não devia de ser por menos pois afinal de contas trata-se do maior prémio a nível mundial para galardoar um autor. O Vencedor do Prémio Nobel da Literatura de 2010 é Mario Vargas Llosa, escritor peruano de 74 anos de idade de quem ainda não tive o prazer de ler qualquer obra, sendo que tenho uma à espera de ser lida à bastante tempo, trata-se de Os Cadernos de Dom Rigoberto, livro integrante da Biblioteca Sábado da revista homónima, que agora com certeza passarei à frente de outras obras que tenho à espera de ser lidas, digamos que em honra do autor chileno. Parabéns Sr. Mario Vargas Llosa!

Abaixo fica a notícia completa da fonte desta informação:


«Mario Vargas Llosa vence o prêmio Nobel de Literatura


O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 74 anos, é o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2010, anunciou hoje a Academia Sueca. Llosa é autor de obras como "Pantaleão e as Visitadoras", "A Festa do Bode" e "A Casa Verde", e foi o vencedor do Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura em língua espanhola, em 1994. "Travessuras da Menina Má" é seu último trabalho, lançado em 2006.
Segundo comunicado, Vargas Llosa recebeu o prêmio "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual". Peter Englund, presidente do comitê de literatura do Nobel, disse que o escritor ficou "muito comovido e entusiasmado" ao saber da escolha. O reconhecimento do Nobel vem acompanhado de uma soma em dinheiro no valor de R$ 2,7 milhões. Em 2009, o prêmio foi dado à escritora alemã Herta Müller, 12ª mulher a vencer o Nobel de Literatura. Em 2008 foi a vez de Jean-Marie Gustave Le Clézio e em 2007, Doris Lessing.
Ao longo de sua carreira, Llosa recebeu inúmeros prêmios e condecorações como o Premio Rómulo Gallegos (1967), o Prêmio Nacional de Novela do Peru em 1967 por seu romance "A Casa Verde", o Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha (1986) e o Prêmio da Paz de Autores da Alemanha, concedido na Feira do Livro de Frankfurt (1997). Em 1993 foi concedido o Prêmio Planeta por seu romance "Lituma nos Andes". Foi condecorado pelo governo francês com Medalha de honra en 1985.
Mario Vargas Llosa, que leciona na Universidade de Princeton, em Nova York, virá ao Brasil na próxima quinta-feira (14) para participar do evento Fronteiras do Pensamento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Conheça as obras do escritor

Ficção
Os Chefes (1959)
A Cidade e os Cachorros (1963)
A Casa Verde (1966)
Conversa na Catedral (1969)
Pantaleão e as Visitadoras (1973)
Tia Júlia e o Escrevinhador (1977)
A Guerra do Fim do Mundo (1981)
Historia de Mayta (1984)
Quem Matou Palomino Molero? (1986)
O Falador (1987)
Elogio da Madrasta (1988)
Lituma nos Andes (1993).
Os Cadernos de Dom Rigoberto (1997)
A Festa do Bode (2000)
O Paraíso na Outra Esquina (2003)
Travessuras da Menina Má (2006)

Teatro
A Menina de Tacna (1981)
Kathie e o Hipopótamo (1983)
La Chunga (1986)
El Loco de los Balcones (1993)
Olhos Bonitos, Quadros Feios(1996)

Ensaio
García Márquez: historia de un deicidio (1971)
Historia secreta de una novela (1971)
La orgía perpetua: Flaubert y Madame Bovary (1975)
Contra viento y marea. Volúmen I (1962-1982) (1983)
Contra viento y marea. Volumen II (1972-1983) (1986)
La verdad de las mentiras: Ensayos sobre la novela moderna (1990)
Contra viento y marea. Volumen III (1964-1988) (1990)
Carta de batalla por Tirant lo Blanc (1991)
Desafíos a la libertad (1994)
La utopía arcaica. José María Arguedas y las ficciones del indigenismo (1996)
Cartas a un novelista (1997)
El lenguaje de la pasión (2001)
La tentación de lo imposible (2004)»

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Frase, Concurso Literário

Como manda a tradição no Fórum Portugal Creative, e o mês de Outubro não é excepção, inicia-se hoje mais um Concurso Literário, com a diferença de que desta vez temos o apoio da Chiado Editora que fornecerá os prémios para os 3 vencedores.

O concurso consiste no lançamento de uma frase, normalmente de famosos (retirada de um livro ou de um filme), na qual os participantes, que só a saberão depois de terminadas as inscrições, terão que escrever um texto em que a temática ou a frase esteja subjacente ou incluída.
Os textos deverão ser enviados para portugalcreative@gmail.com para que o jurado, composto por um membro do STAFF do Portugal Creative e um membro convidado do STAFF do Segredo dos Livros, FBeatriz, possa ler e avaliar.

Datas e Prazos:
 01.10.2010 a 08.10.2010 - Inscrições (todos interessados).
09.10.2010 - Apresentação da frase.
10.10.2010 a 30.10.2010 - Entrega dos textos.
Tolerância: Serão aceites textos até 48 horas após data limite de entrega.
Regulamento:

Tema - Frase dada
Limite de folhas - 5 páginas A4 com 1 de tolerância
Tamanho e tipo de letra - 11 se Arial; 12 se for Times New Roman
Espaçamento - 1,15
Título - obrigatório
Formato de ficheiro - *.doc ou *.docx
Critérios de avaliação:

Ortografia - 10 pontos
História (50 pontos)
  • Originalidade, gosto pessoal, enredo, personagens - 30 pontos
  • Frase - 20 pontos*
Forma do texto (40 pontos)
  • Organização do texto - 15 pontos (parágrafos, excesso de discurso ou de narrativa, falta de introdução, desenvolvimento, conclusão, ou de ligação de ideias)
  • Linguagem - 15 pontos
  • Título - 10 pontos

*ATENÇÃO!!!!! NÃO É OBRIGATÓRIO o uso da frase explicitamente no texto. Ou seja, o tema é a frase, o enredo tem de estar à volta da frase MAS podem não pôr ninguém a dizer a frase. Aqueles 20 pontos serão atribuídos com base neste pressuposto.

Prémios:
1º Lugar - 1 exemplar do livro 24 Hora a Hora, 1 exemplar do livro Um Vida Como Tantas Outras e 1 marcador de páginas
2º Lugar - 1 exemplar do livro 24 Hora a Hora e 1 marcador de páginas
3º Lugar - 1 exemplar do livro 24 Hora a Hora

A Não Esquecer:
- Ser seguidor (facultativo)
- Enviar dados (nome completo e e-mail válido) (obrigatório)

Fonte: http://portugalcreative.blogspot.com

PS: Quero só aproveitar para dizer que este tipo de iniciativa é sempre de louvar. Que venham muitos concursos destes!

PS2: Boa sorte aos participantes!

Cumprimentos, Fernando

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Citações #2

«Sua vida era uma vida desgraçada de menino abandonado e por isso tinha que ser uma vida de pecado, de furtos quase diários, de mentiras nas portas das casas ricas. Por isso na beleza do dia Pirulito mira o céu com os olhos crescidos de medo e pede perdão a Deus tão bom (mas não tão justo também...) pelos seus pecados e os dos Capitães da Areia. Mesmo porque eles não tinham culpa. A culpa era da vida.»

Capitães da Areia, Jorge Amado

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Re-leituras

- Hamlet, Shakespeare
- A Lua de Joana, Maria Teresa Maia Gonzalez
- O Guarda da Praia, Maria Teresa Maia Gonzalez
- O Alquimista, Paulo Coelho
- O Habitante do Céu, Jaime Collyer
- Ensaio Sobre a Cegueira, José Saramago
- O Processo, Franz Kafka
- O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
- Ninguém Escreve ao Coronel, Gabriel García Márquez

O que têm em comum todas estas obras? Todas elas foram lidas por mim entre o encerramento da primeira versão do blog e a abertura da segunda (esta em que agora vos escrevo), e é essa a razão pela qual elas não constam nas Reviews feitas por mim aqui no blog. Sendo algumas delas as minhas obras favoritas de sempre sinto que devo a mim mesmo e aos visitantes do blog opiniões acerca delas publicadas aqui no Travessão. De modo que cheguei à conclusão que vou relê-los e depois sim, fazer as minhas reviews detalhadas de cada um para que vocês fiquem a conhecer alguns dos livros que mais gostei de ler até hoje.

Desejos de boas leituras,

Fernando

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Fogo no Coração - Emma Darcy


Título: Fogo no Coração
Autor: Emma Darcy
Nº de Páginas: 158
Editora: Harlequin Ibéria, S.A.
Preço: 4,70€

Sinopse: «Taylor Maguire sabia que cometera um erro grave ao ajudar Angie Cordell a fugir de Brisbane. Quanto tempo aguentaria uma sofisticada professora numa exploração ganadeira distante e isolada? Todo o corpo de Taylor respondia à presença de Angie, no entanto não podia arriscar a envolver-se no que podia ser uma pequena aventura. O seu filho já sofrera demasiado por causa de uma mulher da cidade e, tal como ele, custava-lhe confiar nos outros. Angie podia dizer as vezes que quisesse que gostaria de ficar lá para sempre, porém o mais importante era que o demonstrasse.»

Angie Cordell é uma professora que lecciona na cidade de Brisbane, na Austrália, e que vendo-se perseguida e atormentada pelo seu ex-namorado que não quer deixá-la, se candidata ao cargo de educadora num rancho, de modo a fugir deste tormento e conseguir alcançar alguma paz de espírito, o que também aconteceu com um amigo seu que fora condenado pela justiça, e posteriormente lhe foram dadas duas escolhas; ou passaria algum tempo num reformatório ou iria trabalhar para um rancho. O amigo de Angie acabou por escolher ir trabalhar para o rancho, colhendo dessa experiência dados muito positivos, o que levou Angie a ver a vida no campo como um refugio para o pesadelo em que a sua vida se tornara, tudo por culpa de Brian.
O dono do rancho, Taylor Maguire, acaba por levar Angie consigo, mesmo não tendo sido ela a sua primeira escolha para ensinar as crianças que lá habitavam (entre elas o seu filho, Hamish), pois sentiu o dever de levar Angie para o rancho quando tomou conhecimento de modo acidental daquilo porque Angie Cordell estava a passar. E é entre estes dois personagens que se desenrola um amor extraordinário, que faz valer muito a pena ler esta obra.

Não estando habituado a este tipo de leitura, devo dizer que foi com uma certa desconfiança que li esta obra, pois trata-se de um verdadeiro romance, no sentido em que quase todo o enredo gira em volta do enlace entre um homem e uma mulher, o que como devem calcular não é novidade nenhuma no mundo literário que eu até agora conheço, o que não conhecia era este tipo de prosa a roçar o erotismo. Este livro em certas passagens é pura sensualidade transcrita para o papel, as páginas transpiram sexualidade, sem deixar, e muito bem, o enredo fugir para aquilo que é digamos "pornografia literária", pois a autora demonstra um enorme controlo sob o rumo da estória, sendo que em determinados pontos do texto pensei que a situação estava a ficar um pouco fora do controlo, e eis que a autora mais uma vez dava a volta por cima e conseguia retomar uma bela estória de amor, que é aquilo a que no fundo se resume este livro.

Trata-se de uma edição "2x1", ou seja, dois livros juntos encadernados num só, sendo que o primeiro é este de que agora vos falo e o segundo é "Era Amor", da mesma autora, que optei por deixar para daqui a algum tempo, de modo a não ter aquilo que eu gosto de chamar uma overdose autorial, e neste caso corria também o risco de me tornar num "ninfomaníaco", tal é a densidade das passagens eróticas contidas nesta obra, a próxima até pode ser bastante diferente mas nunca se sabe e eu prefiro jogar pelo seguro.
:)

Quero aproveitar para dizer que este livro, não sendo uma obra-prima da literatura, que nem sequer pertence ao género de obras que me dêem mais gosto de ler, serviu para vir sublinhar algo que eu já sabia; que os livros têm essa enorme capacidade de nos fazer viver intensamente os actos passados pelas personagens, e é esse um dos motivos pelos quais gosto tanto de ler.

Desejos de boas leituras, do suspeito do costume

Fernando