quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Citações

Caros visitantes deste meu canto, onde falo abertamente sobre livros e tudo o que os rodeia, venho desta forma informar-vos do nascimento de uma nova rubrica aqui no blog. Essa rubrica tem o mesmo titulo deste post, Citações, e servirá para eu transcrever das obras que vou lendo aquelas frases que saltam à vista, aquelas que nos fazem voltar atrás para lê-las novamente e reflectir sobre o seu sentido, beleza estética, etc.

Abaixo poderão ler a frase inaugural desta nova rubrica;

Meursault, a propósito do seu quotidiano prisional;

«Assim, quanto mais pensava mais coisas esquecidas ia tirando da memória. Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia poderia sem custo passar cem anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se maçar.» O Estrangeiro, Albert Camus

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Conto por Conto, Alfarroba



«Há a história do gato, do tio, da avó. A história da vizinha, da escola, do autocarro.

Todos os dias há histórias. As que nos acontecem e aconteceram. As que contamos aos nossos amigos e as que fazem apenas sentido lembrar.

E depois há as outras. As que deviam ou podiam ter acontecido. Mas apenas fazem eco nas nossas cabeças, brincando connosco.

Todas estas pequenas histórias merecem ser contadas. Ponto por ponto, conto por conto.

Até 15 Dezembro 2010, envie-nos o seu conto, aquela história que toda a gente devia conhecer.

Os 5 melhores serão editados num livro.

Informações complementares:
- categoria: CONTO
- limite 24 páginas, redigidas em tamanho A4, Arial corpo 12, espaço 1,5
- trabalhos apenas em língua portuguesa
- insc até 15 Dez 2010
- cinco primeiros classificados verão o seu conto publicado em livro pela Alfarroba

Para detalhes, informações e regulamento:

e-mail: geral@alfarroba.com.pt
telefone: 210 998 223»

Fonte: http://alfarroba-blogue.blogspot.com/

sábado, 25 de setembro de 2010

O Estrangeiro - Albert Camus


Título: O Estrangeiro
Autor: Albert Camus
Tradutor: António Quadros
Nº de Páginas: 118
Editora: Livros do Brasil
Preço: 9,00€

Sinopse: «Enriquecida por uma penetrante introdução de Jean-Paul Sartre, esta obra-prima de Albert Camus é de pleno direito incluída na presente colecção, que reúne as mais importantes obras deste autor. O Estrangeiro revelou e consagrou definitivamente Camus como um verdadeiro "clássico" da literatura contemporânea. Romance estranho, desconcertante sob uma aparente singeleza estilística, nele se joga o destino de um homem que viveu a vida de acordo com a sua sensibilidade e a evidência do absurdo de existir.»

O que dizer sobre um romance que nos fala de um homem que acaba de perder a mãe e demonstra sobre esse facto uma enorme indiferença? Um homem que no dia seguinte ao enterro da sua própria progenitora vai à praia, começa um relacionamento amoroso, e vai assistir a um filme de comédia? Eu não sei, mas posso tentar...

Foi com muito gosto que vi as expectativas que tinha em relação a um dos livros que habitavam à mais tempo na minha wishlist serem correspondidas. As boas críticas que tinha lido em relação a esta obra foram a razão principal que me levaram a procurá-la, e algo que me lembro bem em relação a algumas delas é que se falava-se da monstruosa indiferença do personagem principal em relação à morte da sua mãe, pois logo no início percebi que todo o enredo ía andar à volta de tal acontecimento. E foi exactamente isso que encontrei, no inicio do livro fala-se da morte da mãe de Meursault, do deslocamento do mesmo à zona onde seria efectuado o enterro e do seu regresso a casa com nada mais que uma sensação de alívio por se ter finalmente vindo embora. Para não relevar o essencial do enredo, pois acredito que esta seja uma obra de leitura "obrigatória", como se costuma dizer quando se fala de clássicos, opto apenas por vos dizer que a falta de demonstrações afectivas em relação à morte da sua progenitora acaba por condenar Meursault, ao quê? Leiam e descubram por vocês mesmos, garanto-vos que valerá a pena!

Se é possível resumir determinada estória através de uma simples frase, ou mesmo de uma palavra, neste caso a palavra escolhida seria Indiferença.

Tenho já em vista outra obra do autor, A Queda, sobre a qual já tive a oportunidade de ler bons apontamentos, e será provavelmente por aí que se voltará a falar de Camus neste espaço.

Cumprimentos e desejos de boas leituras para todos vós,

Fernando

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Mandarim - Eça de Queirós

Título: O Mandarim
Autor: Eça de Queirós
Nº de Páginas: 95
Editora: Edi9 - Sociedade Editorial de Inovação - Biblioteca Essencial Jumbo
Preço: 1,59€

Sinopse: «Do ponto de vista da evolução literária de Eça de Queirós, O Mandarim representa um momento de mudança: aquele em que o autor abandona a «preocupação naturalista» e se deixa levar pelos «ímpetos de verdadeiro romântico que no fundo era».
Publicado pela primeira vez em folhetim, no Diário de Portugal, em 1880, O Mandarim transporta-nos ao Oriente, cenário exótico do imaginário queirosiano, que serve de contexto à história de Teodoro, um pacato amanuense do Ministério do Reino. Teodoro, movido pela tentação, aguçada por um Diabo, de pôr fim aos dias de um abastado Mandarim chinês, de forma a herdar a sua fortuna...»


«Só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas mãos: nunca mates o Mandarim!»

Opinião: Já faz algum tempo que estava à espera de uma oportunidade para ler algo de Eça de Queirós, de modo a conhecer a sua escrita e então depois poder ler a sua mais famosa obra, Os Maias, que possuo faz algum tempo mas que por uma simples metodologia optei por não ler, esta minha metodologia consiste na simples razão de eu gostar de ir conhecendo a escrita de um autor que me desperte alguma curiosidade começando por obras de menor renome, o que não significa que sejam de menor qualidade, até chegar ao dito clímax da obra do autor em questão, eu sei que não sou o único a agir deste modo pois tenho conhecidos que também agem da mesma maneira.

Quanto ao livro propriamente dito, começo por dizer que fiquei muito agradado com o enredo no seu todo e que gostei principalmente da mensagem transmitida. Eça de Queirós transmite nesta prosa uma mensagem de uma honestidade e de uma humildade tremendas, com as quais me identifiquei totalmente.
A frase que coloquei acima a negrito resume, na minha opinião, não toda a estória mas o essencial dela.

Teodoro é um secretariado do Ministério do Reino que a partir da simples leitura de um in-fólio vê aparecer-lhe a oportunidade de possuir uma enorme fortuna, e tudo o que tem de fazer para esse efeito é tocar uma simples campainha, sendo que no exacto momento em que a campainha for tocada morre um Mandarim mais rico que todos os Reis de que as histórias falam, trespassando por conseguinte toda a sua fortuna a quem tiver a ousadia de tocar a dita campainha. Teodoro acaba mesmo por tocá-la e herda uma fortuna imensa que lhe permitirá viver da maneira que sempre sonhou, até que a sua Consciência o faz lembrar que o Mandarim Ti Chin-Fu podia ter uma família, podia ter pessoas dependentes dele, o que faz com que Teodoro, o simples homem que trabalhava para o Ministério do Reino, rico e famoso do dia para a noite, embarque numa viagem em busca da família do Mandarim a fim de casar com uma familiar do Mandarim e compensar o povo pela perda que sofreram. É com certeza uma história de beleza e qualidade fora do comum.

Quero por fim, assinalar a forma extremamente cómica como o autor termina a sua prosa, que é a seguinte(perdoem-me os leitores que queiram ler o livro no futuro):  «E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do norte ao sul e do oeste a leste, desde a Grande Muralha da Tartária até ás ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!»

E a pergunta que fica no ar ao ler esta obra é a seguinte: O que farias tu se tivesses uma oportunidade destas?

Cumprimentos, Fernando

sábado, 18 de setembro de 2010

Livrarias Online

Por vezes torna-se um pouco desconfortável termos de nos dirigir a uma livraria para comprar-mos um determinado livro, e não são poucas as razões para que uma simples ida a uma livraria se torne num pesadelo, como por exemplo: condições atmosféricas adversas; trânsito, ou aquela que para mim é a pior de todas, que é quando chegamos todos contentes à livraria e o livro se encontra esgotado ou ainda não chegou ao estabelecimento. Este tipo de obstáculos não existem para quem faz as suas comprar online através das úteis livrarias ligadas ao mundo virtual.

Hoje em dia em Portugal já existe uma boa variedade delas, sendo as mais conhecidas as seguintes:
                                                
                                                 www.mediabooks.pt
                                                 www.wook.pt
                                                 www.bertrand.pt
                                                 www.sitiodolivro.pt

Eu, não tendo nada para postar aqui no blog relativamente a opiniões ou críticas literárias, decidi que seria uma boa ideia mostrar a quem nunca o fez, como se efectua a compra de um livro online, dividindo o processo por três simples passos que podem ver abaixo.


1º Passo - O primeiro passo para efectuar uma compra online é o simples registo no site da respectiva livraria através do preenchimento dos dados necessários para que a encomenda possa chegar até si e depois, como é óbvio, a escolha e a encomenda do respectivo livro ou livros.



2º Passo - O segundo passo é o pagamento da respectiva encomenda. Para que o seu livro seja enviado até si tem primeiro de pagá-lo, obviamente, e eu opto por fazê-lo via Multibanco pois acho que é a forma mais simples e rápida de efectuar o pagamento. Tenho conhecimento de outros modos de pagamento, mas nunca os tendo utilizado nada posso dizer acerca dos mesmos.



3º Passo - O terceiro e último passo deste processo de compra trata-se da simples recepção da sua encomenda na comodidade da sua casa, dando por terminado o simples processo de compra online.
Caso você não esteja em casa na altura em que o serviço de correios for efectuar a entrega deverá dirigir-se ao posto de correios mais próximo, levantando a sua encomenda e obtendo por fim aquilo por que pagou.



Espero ter ajudado, cumprimentos e desejos de boas leituras,

Fernando

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cândido - Voltaire


Título: Cândido
Autor: Voltaire
Nº de Páginas: 121
Editora: Biblioteca Visão - Colecção Novis
Preço: 1,50€


Sinopse: «O espírito do Iluminismo transparece com humor e ironia em Cândido, romance no qual Voltaire insinua a crítica de um mundo vivido entre as contradições do optimismo e do pessimismo, do bem e do mal. O herói da narrativa percorre diversos lugares, incluindo Portugal e o utópico Eldorado, conhecendo peripécias fantásticas e sucessivas desgraças «no melhor dos mundos possíveis». Cândido, nas suas aventuras e desventuras, a amada e não menos desafortunada Cunegundes, assim como os filósofos Pangloss e Martin, constituem personagens de uma sátira que se ergue contra o fanatismo, a intolerância, a ignorância e a injustiça.»

Opinião: Cândido é o primeiro livro que leio de Voltaire e com certeza que não será o último, pois mesmo não tendo adorado esta obra ela deu-me a conhecer um tipo de estória que até agora nunca tinha lido, uma prosa sobre uma viagem constante. Este livro fala das aventuras de Cândido, jovem que foi criado num lindo castelo até de lá ter sido expulso aos pontapés por ter sido apanhado aos beijos com a filha da baronesa. A partir deste ponto inicial, começam as aventuras de Cândido, que no meio de aventuras e desventuras passa de prisioneiro prestes a ser enforcado em Portugal a um rico possuidor de uma boa quantidade de diamantes provenientes da utópica terra denomidada de Eldorado. Trata-se de uma aventura inesquécivel e de qualidade inquestionável, por isso aconselho vivamente a sua leitura a quem esteja interessado.

Esta obra é também conhecida por um outro titulo diferente deste, nomeadamente Cândido ou o Optimismo, que na minha opinião reflecte bem melhor e de uma forma muito simples aquilo que retrata o livro, uma questão imortal acerca do fundamento do optimismo e do negativismo, tendo aliás exemplos de ambos os casos nesta prosa, pois temos um filósofo que mesmo comendo o pão que o diabo amaçou insiste em afirmar que "Tudo vai bem no melhor dos mundos possiveis", e pelo outro lado temos um senhor que mesmo sendo muito rico e possuidor de uma vasta biblioteca e de um belo jardim não se contenta com tudo o que tem, e é aqui que transparece a ironia inserida pelo autor nesta bonita aventura.

Esta obra, não sendo aquilo que eu estou habituado a ler foi certamente uma boa surpresa, pois apresentou-me este género de romance, um tipo de estória que eu desconhecia e conseguiu despertar a minha curiosidade acerca de mais obras deste género, que no futuro serão certamente comentadas aqui no blog.

Cumprimentos, Fernando

sábado, 11 de setembro de 2010

Boas oportunidades


Achei que seria uma boa ideia partilhar com os visitantes aqui do blog todas as boas oportunidades a nível literário (relação preço/obra) de que tiver conhecimento, e talvez até tomar conhecimento de algumas por parte dos visitantes.
Ora então, aquilo que me surpreendeu pela positiva foi o seguinte:

A Colecção Essencial Jumbo, onde cada livro tem o preço simbólico de 1,59€
Pareceu-me ser uma boa oportunidade para adquirir livros que são considerados clássicos da literatura nacional, por isso aproveitei e comprei os seguintes:


Viagens na Minha Terra - Almeida Garret



Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco



O Mandarim - Eça de Queirós







Onde? Esta colecção, como é perceptível pelo nome, pode ser adquirida em qualquer super mercado Jumbo, naquele cantinho dedicado à literatura.  

Outra boa relação preço/obra com a qual me deparei foi a da Colecção Bis, da editora Leya, onde cada livro tem o preço simbólico de 5,95€, e onde vi uma boa oportunidade de adquirir alguns livros da minha wishlist, nomeadamente os seguintes:


Os da Minha Rua - Ondjaki
Bichos - Miguel Torga
Memória das Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez
Capitães da Areia - Jorge Amado


Onde? Esta colecção pode ser adquirida em qualquer loja da especialidade, nomeadamente no Jumbo, nas Fnacs, Bertrands, Wook, Mediabooks, etc.

Esta é uma rubrica que pretendo repetir muitas vezes mais, sempre que me deparar com oportunidades semelhantes vou pô-las aqui para que vocês que visitam o blog fiquem a par delas.
E vocês, sabem de alguma oportunidade deste estilo? 

Cumprimentos, Fernando

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Os da Minha Rua - Ondjaki


Título: Os da Minha Rua
Autor: Ondjaki
Nº de Páginas: 127
Editora: Leya - Colecção Bis
Preço: 5,95 €


Sinopse: «Há espaços que são sempre nossos.
E quem os habita, habita também em nós.
Falamos da nossa rua, desse lugar que nos acompanha pela vida. A rua como espaço de descoberta, alegria, tristeza e amizade.
Os da Minha Rua tem nas suas páginas tudo isso.»


Opinião: Há livros que me surpreendem pela inteligência exposta em cada página, pelo enredo interessante ou pelos diálogos exuberantes, e depois à livros como este que escritos com uma simplicidade tremenda me fazem ficar viciado nas suas páginas e neste caso voltar a viver acontecimentos do passado, mais propriamente da minha própria infância através dos contos do autor que circulam sempre à volta da sua.
O livro é totalmente composto por pequenos contos sendo todos eles relacionados com a infância e adolescência do autor, uns são estórias passadas em casa no conforto da família, outros são passados na escola ou até mesmo na rua e na casa de amigos de infância, mas sejam eles onde forem, no espaço e no tempo em que decorreram, o que todos eles têm de especial é o efeito causado no leitor, pois ao ler-mos os relatos de alguém sobre a sua infância somos quase que automaticamente transportados para situações armazenadas na nossa memória sobre a nossa própria juventude, o que ao longo do livro vai causando uma enorme curiosidade em saber no que fala o autor no próximo conto, no outro a seguir e nos restantes, o que faz com que seja um livro que é muito facilmente lido em poucas horas.
É engraçado que todos os autores africanos que tenho lido até agora me têm surpreendido pela positiva com livros fantásticos, e não sei se é impressão minha mas consigo notar uma pequena semelhança na escrita de alguns deles, nomeadamente em Pepetela e Ondjaki, que são ambos autores que vou certamente repetir e trazer aqui ao blog por muitas mais vezes.

Enfim, trata-se de um livro de uma simplicidade e de um ambiente fantásticos que me fizeram recordar muitos episódios e peripécias da minha infância, algumas delas até bem parecidas com as que eu vivi e aprontei, talvez seja essa a razão de este livro tão pequenino e simples se ter tornado num dos meus livros favoritos, é simplesmente mágico!


Para quem tenha ficado curioso com o que leu e esteja interessado em comprar o livro ou apenas dar uma vista de olhos nas primeiras páginas, deixo-vos aqui um link onde o poderão fazer desde que possuam um programa de leitura de ficheiros PDF, o link é o seguinte: http://www.dquixote.pt/pdf/osdaminharua.pdf

Cumprimentos, Fernando

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Homem Duplicado - José Saramago



Título: O Homem Duplicado
Autor: José Saramago
Nº de Páginas: 318
Editora: Caminho
Preço: 14,85 €


Sinopse: «Tertuliano Máximo Afonso, professor de História, vive só, num bairro da cidade sem nome, só com a sua solidão. Um dia aluga um velho filme para ver em casa como repouso do cansaço que lhe deu a correcção dos trabalhos dos alunos. E acontece algo que lhe modificará a vida de solitário e pacato cidadão - um dos actores secundários do filme é exactamente igual a si próprio, é o seu duplo. Inquieto com a possibilidade de existir, eventualmente perto de si, na sua cidade, um outro que é ele próprio, lança-se numa investigação para encontrar esse outro, provocar um encontro, medir-se com ele. Com base neste ponto de partida, com uma intriga complexa conduzida com mão de mestre, José Saramago oferece-nos, com O Homem Duplicado, um dos seus mais belos romances.»


Opinião: Em O Homem Duplicado, Saramago presenteia os leitores com uma estória surreal que tem como protagonista um normalíssimo professor de História de seu nome Tertuliano Máximo Afonso que vê a sua vida dar uma volta de 180 graus ao descobrir que existe neste mundo um homem completamente igual a si, um duplo seu. Isto sucede quando o professor decide alugar um filme aconselhado por um colega seu de profissão, e qual não é o seu espanto quando, imagine-se, a meio do filme aparece um sujeito exactamente igual a si! Tertuliano Máximo Afonso faz tudo para descobrir a verdadeira identidade do actor e quando finalmente o consegue encontra-se com ele para finalmente ter à sua frente o homem que entrou na sua vida através de um filme e veio transformá-la em algo parecido com um.
Mais uma vez Saramago encantou-me com uma estória muito bem contada, tenho só a dizer que me pareceu que ao longo do enredo algumas das suas observações foram um pouco despropositadas e fora de contexto.

Um enredo, citando a sinope do livro, escrito com mão de mestre, que apesar de ficar aquém de outras obras de maior prestigio do autor não deixa de ser um livro muito bom que aconcelho qualquer pessoa a ler, simplificando, não é o melhor livro de Saramago mas a genialidade do autor está presente o que significa que vale a pena ler!

Fico um pouco triste quando visito alguns blogs do género e não encontro qualquer opinião ou crítica a livros de Saramago, pois eu senti quase uma obrigação de ler o único escritor de lingua portuguesa que alguma vez recebeu o prémio nobel, isto acompanhado dos concelhos de um professor que dizia que quanto mais conhecia o homem, menos vontade tinha de ler os seus livros. Enfim, conheci a obra de Saramago através do "Ensaio sobre a Cegueira", que por coincidência ou não, é o meu livro favorito de sempre. O que quero dizer com este "sermão" é que me parece que os portugueses transportam também para a literatura um pouco da famosa teoria "o de fora é que é bom", deixando de parte autores simplesmente extraordinários!
O que tenho a dizer a essas pessoas é o seguinte: Dêm o braço a torcer e vão ver que não se arrependem!

Cumprimentos, Fernando

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Entrevista: Maria Araújo Lima


Como o prometido é devido, aqui vos deixo a entrevista que vem estrear esta nova rubrica trimestral do blog «O Travessão». E que melhor escolha para começar um blog sobre literatura em português do que a autora de um recém lançado thriller policial, este estilo tão pouco explorado no nosso país e que na minha opinião sofre de um aproveitamento deficiente por parte dos escritores lusitanos. Como já devem ter reparado a escritora é Maria Araújo Lima e é a autora de Anástasis, a quem quero desde já agradecer pela disponibilidade!


1 – Maria Araújo Lima, quando e porquê decidiu tornar-se escritora?
 A verdade é que nunca pensei tornar-me escritora, e hoje com o livro à venda ainda não me sinto como tal. O que decidi, desde sempre, foi apostar na minha vontade e gosto pela escrita…
  
2 – Já tinha escrito algum livro antes do Anástasis? Faço-lhe esta pergunta porque sei de casos de escritores que apesar de terem livros concluídos os deixam guardados na gaveta durante anos.
Já tinha escrito há uns anos um romance juvenil, mas que continuará, sim, guardado na gaveta. A realidade é que muitas das experiências que foquei tiveram por base a adolescência que conheci, e que em pouco se assemelha à dos dias que correm. Pelo que já não tenho intenção de o tornar público.

3 – Fale-nos um pouco de como foi escrever o Anástasis.
Escrever o Anástasis foi apaixonante. Durante nove meses da minha vida não pensei em praticamente mais nada que não fosse o conteúdo deste livro. As personagens ganhavam forma na minha mente e queria todos os dias escrever mais e mais.
Antes de o iniciar efectuei algumas pesquisas, também fruto da minha veia jornalística, e de entre o resultado da minha busca de informações realçou-se um facto, que se prendia com uma história verídica em torno de um manicómio em Londres, momento em que me senti beliscada e preparada para o começar a escrever de imediato.
Cada parágrafo era novo para mim, não fazendo a mais pequena ideia no que iria resultar a nova história que criava. Sabia que do enredo faziam parte muitas personagens e que estas teriam que se interligar e dar origem a um final surpreendente. Esse foi o meu desafio!
Adorei escrever esta história, deu-me um gozo imenso.

4 – O que sentiu quando viu, pela primeira vez, o seu livro na prateleira de uma livraria? Imagino que tenha sido uma enorme sensação de prazer…
Foi de tal forma enorme, que puxei do meu telemóvel e fotografei -o na prateleira, para que me recorde sempre que perante seja qual for o obstáculo com que me cruze eu não posso desistir. O Anástasis mais que uma concretização profissional foi pessoal. Ou não tivesse sido esta história trazida aos seus leitores através de uma simples edição de autor.

5 – Diga-nos, quais foram os escritores que mais a influenciaram (nacionais e internacionais) e se conseguir enumera-los, alguns dos seus livros favoritos?
Posso dizer-lhe que não pretendo destacar nenhuma influência, uma vez que acredito ser influenciada por tudo o que me rodeia.
O meu género preferido seja em livro ou em filme prende-se com romances históricos, thrillers policiais e terror.
O Anástasis foi também muito inspirado pelo cinema, onde os diálogos assumem principal destaque em detrimento das descrições. No qual o ritmo acelerado e a narrativa fluída parecem mais facilmente prender a atenção do leitor.
Relativamente a livros favoritos, destaco simplesmente três livros que me marcaram: “Samarcanda”; “Anjos e demónios”; “A vencedora” – 3 estilos completamente diferentes  e que ainda não esqueci.

6 – Tem algum método específico de escrita? Por exemplo: Começar pela descrição das personagens, como faz no Anástasis?
Nenhum estipulado, simplesmente agarro na caneta que estiver mais à mão e deixo-me guiar pela imaginação…

7 – Fale-nos um pouco do processo pelo qual passou o seu livro até chegar às prateleiras das livrarias, do momento em que o acabou de escrever até ao dia em que o apresentou pela primeira vez numa loja.
O livro foi escrito em 2008. Quando terminado foi apresentado a algumas editoras do mercado nacional, mas sem sucesso, pois não foi seleccionado. Nesse mesmo ano permiti desmotivar-me e duvidar do meu projecto, tendo-o guardado. Já em finais de 2009, talvez a braços com uma maior confiança, decidi eu própria ir buscá-lo à gaveta e dar-lhe vida. Decidi testar a sua viabilidade, a sua aceitação junto dos leitores. Contactei gráficas, revisor, paginador, designer, tratei das questões legais, do processo, da divulgação, do registo e a 01 de Julho de 2010 o Anástasis estava a ser oficialmente apresentado na Fnac do Norteshopping, perante mais de 100 pessoas.
Foi um período muito complicado, pois à partida eu não sabia fazer mais nada além de escrever, o apoio dos que me rodeiam foi fundamental na concretização deste objectivo, sem eles teria sido mais difícil…

8 – Corrija-me se estiver errado, mas pelo que sei escreve sempre prosas, alguma vez pensou aventurar-se por outros caminhos?
(sorrisos) Pensar pensei… mas nesta altura o meu caminho passa apenas pela prosa. Gosto de escrever textos soltos, pensamentos livres, estórias. Gosto de dar voz à minha mente. Gosto de escrever quando me apetece e como me apetece. Para já sinto ser esta a minha vocação. Apesar de ter tido um bisavô poeta, de seu nome Matias Lima, que com certeza me terá deixado mais qualquer coisa no sangue. (sorrisos)

9 – Qual é a sua opinião em relação aos ebooks, Um pau de dois bicos? Se por um lado podem ser vistos como ameaça à venda dos livros em formato papel, por outro podem ser vendidos em formato digital de igual forma e ainda serem mais fáceis de transportar…
Não tenho nada contra os ebooks. Não me afectam particularmente e penso que a ninguém. É um sinal de evolução e não devemos ter receio do avanço, devemos sim saber como aproveitar esses mesmos progressos tecnológicos e acompanhá-los, usando-os em nosso benefício.
Uma coisa é certa, para mim continua a ser bem mais agradável folhear o papel.

10 – Tem algum conselho para os leitores que um dia queiram escrever um livro?
Todos que pensam em escrever só têm de o fazer. A escrita é um processo libertador, de expressão, de relaxe e de encanto. Faz-nos sentir bem, é ainda uma forma de realização especial, que se encontra ao alcance de todos.

11 – Já pensou no que vai escrever a seguir ao Anástasis?
 Depois do Anástasis ainda só escrevi pensamentos... Do amanhã pouco ou nada sei.

12 – Prefere o silêncio total enquanto lê e escreve ou não dispensa uma boa música de fundo?
Escrevo em qualquer sítio, desde que esteja com disposição para tal. Os únicos ingredientes que não dispenso são: a caneta, o papel e a imaginação.

13 – Sentiu muitas dificuldades durante o processo de publicação do seu livro? Quais acha que foram as razões para tal?
Uma edição de autor enfrenta sempre dificuldades, pois o autor está sozinho a fazer o mesmo trabalho que uma editora faz, acompanhada por uma equipa de especialistas, a todos os níveis, dominando todos os contactos de distribuição, e publicidade. Tudo seria mais fácil se estas pudessem estar sempre do nosso lado …

14 – Diga-nos, onde podemos encontrar ou encomendar o Anástasis?
O Anástasis encontra-se à venda na Fnac do Norteshopping (Matosinhos), no entanto em qualquer uma das Fnac´s do país podem encomendá-lo. Caso pretendam poderão ainda requisitá-lo através do email: anastasis.maria@gmail.com, que o mesmo será posteriormente enviado via ctt.

15 – Maria, muito obrigado pela entrevista! Desejo-lhe a melhor das sortes não só no mundo literário como também na sua vida pessoal. Uma última palavra para os seus leitores e para as pessoas que depois de lerem esta entrevista procurarão o seu livro…
Espero mesmo que procurem e arrisquem. Deixem-se levar pelo enredo e envolver pela história, que no final serão certamente surpreendidos. 




Espero que tenham gostado da entrevista, pois eu gostei tanto de fazê-la que fica desde já prometido que tentarei fazer de tudo para que seja cumprido o prazo desta nova rubrica trimestral.
Já leste o Anástasis? Gostaste? O que achaste da entrevista? A Secção de comentários está à vossa disponibilidade.

Abraço, Fernando
 

Wishlist


Para quem não esteja familiarizado com o termo wishlist - o nome diz tudo - trata-se de nada mais nada menos do que uma lista com desejos, neste caso os livros que desejamos.
Desde que comecei a ler mais a sério que senti a necessidade de fazer uma wishlist, pois eram muitos os livros que queria comprar, e não vi outra solução que não fosse apontar os nomes das obras e dos respectivos autores, dando assim inicio à minha wishlist que perdura até hoje, pois ao passo que umas obras vão sendo riscadas da lista à medida que as compro, outras vão sendo adicionadas quase todos os dias.
Eu tenho uma wishlist tão grande que me vejo obrigado a ter a negrito aqueles que são os meus maiores desejos digamos. Para os curiosos aqui fica a lista dessas obras a negrito bem assentes na minha wishlist:

O Estrangeiro - Albert Camus
1984 - George Orwell
A Sul da Fronteira, a Oeste do Sol - Haruki Murakami
Memorial do Convento - José Saramago
Vinte mil léguas Submarinas - Júlio Verne

E vocês, também têm wishlist's? Desafio-vos a escolher 5 livros de entre a vossa lista, vão ver que simplifica muito mais o vosso processo de compra de livros, acabam-se as indecisões.

Abraço, Fernando

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Entrevista exclusiva a Maria Araújo Lima


Maria Araújo Lima é o nome da autora que vai estrear a rubrica de entrevistas aqui no blog. A escritora publicou recentemente numa edição de autor, Anástasis, um thriller policial passado em Inglaterra que eu não vejo a hora de por as mãos em cima, assim que o tiver lido poderão encontrar aqui no blog a minha crítica. Vou deixar-vos aqui a sinopse da obra exclusivamente cedida pela autora, a quem quero desde já agradecer profundamente. Obrigado Maria Araújo Lima!


«Susan Fletcher está internada num hospício, na cidade de Londres, há já dois anos e sem progressos a registar. Com o passar do tempo, os seus familiares e amigos vêem-se envolvidos numa série de crimes e ondas de suspeição.
Frank Douglas, detective inglês e investigador de serial killers, é chamado a intervir e a investigar os sucessivos casos de homicídio. Enquanto Dr. Evans, médico no hospital, pertence a uma seita secreta, que vai alterar o rumo da história. Gary Molony, padre irlandês e amigo de Susan Fletcher, guarda o segredo que pode estar na origem de todos os mistérios.
Uma história policial, desenrolada em Inglaterra, onde o suspense é a palavra de ordem e a verdadeira resposta só será conhecida no final.
Cada virar de página e passar de capítulo desvenda mais um segredo.
Anástasis é a prova real de que nós só acreditamos naquilo que vemos.»


Ora então já sabem, nos próximos dias poderão encontrar aqui no blog a entrevista exclusiva à autora.

Boas leituras!

Abraço, Fernando

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Parábola do Cágado Velho - Pepetela



Título: Parábola do Cágado Velho
Autor: Pepetela
Nº de Páginas: 180
Editora: Publicações Dom Quixote - Colecção Autores Lusófonos - Revista Visão
Preço: 1€

Sinopse: « Falo de um amor e de uma transgressão.
                 Quem sabe, talvez a transgressão nunca fosse possível. Mas
                 a granada existiu, essa granada que traçou no ar espantado
                 do planalto a figura da mulher amada.
                 Mas uma granada, mesmo com tal magia, 
                 pode materializar um mundo?»

Opinião: Começo por dizer que sempre tive uma enorme curiosidade em ler algo deste escritor Angolano, não sei bem porquê, talvez seja pelo nome, Pepetela, acho que me chamou logo à atenção na primeira vez que o ouvi ou li, por isso foi uma enorme satisfação para mim quando vi que o seu nome constava desta colecção da revista visão pois os livros de venda conjunta com a revista para além de serem de uma qualidade muito satisfatória acabam também por ser bastante acessiveis aos bolsos de qualquer um.
Felizmente o meu instinto não me enganou, levou-me à descoberta de um escritor fantástico que através da sua obra retrata aquilo por que passou a sua terra, Angola, e este não sendo um livro que eu considere fora do normal acaba por ser um livro muito bom de leitura bastante fácil e simples que me "obrigou" a aumentar a minha wishlist com duas obras do autor (nomeadamente as obras "Predadores" e dois livros que se completam de seu nome "Jaime Bunda, Agente Secreto" e "Jaime Bunda e a Morte do Americano".

No que toca á história do livro propriamente dita, ela desenrola-se à volta de Ulume, um homem de uma aldeia isolada perto das montanhas que vive com a sua mulher, Muari, e os seus dois filhos, Luzolo e Kanda, que com o desenrolar da história acabam alistando-se em exércitos rivais, tornando-se mesmo inimigos e não voltanto inclusivé a falarem-se. Ulume tem uma visão numa das invasões dos soldados à aldeia, quando por desespero se enfiou num buraco para se esconder dos militares e uma granada chinesa explodiu bem perto dele, nesse momento Ulume percebeu que tinha de ter Munakazi, uma jovem rapariga com quem tinha trocado olhares descretos durante uma cerimónia. Acho também importante referir o facto de Ulume todos os dias subir a colina para visitar o seu velho amigo, o cágado com quem fala e de quem chega mesmo a obter uma resposta.
Trata-se de uma bela história com um poder enorme de nos transportar para os cenários de guerra angolanos e sentir a dor que sentia o povo das aldeias de cada vez que tinham de reconstruir aquilo que os soldados destruiam à sua passagem, por isso opto por deixar a opinião sobre esta obra assim pouco explicita como que convidando-os a irem à sua procura, é para isto que na minha opinião devem servir os blogs deste género, para comentar livros mas não contando toda a sua história, o que acaba por deixar uma certa curiosidade a rondar os pensamentos de quem visita este género de sites e sente que a tal obra comentada pode ser interessante. Acho que o trabalho de quem as comenta é sim, em primeiro dar a sua opinião sobre a obra, e em segundo lugar dar um aperitivo aos leitores para que eles se deixem levar pela história caso esta seja dentro do seu género literário preferido(opiniões bem feitas podem mesmo gerar muito interesse à volta de obras de géneros literários muito distantes daquilo a que o leitor de determinada crítica ou opinião está habituado a ler).


PS - Aproveito para vos informar que todos os livros que fui lendo entre o encerramento do primeiro blog e a abertura deste que agora começa serão aqui comentados, o que certamente dará um empurrão no recomeço deste novo blog.

Boas leituras.