sábado, 30 de outubro de 2010

As Intermitências da Morte - José Saramago

Título: As Intermitências da Morte
Autor: José Saramago
Nº de Páginas: 231
Editora: Leya - Colecção Bis
Preço: 5,95 €

Sinopse: « «No dia seguinte ninguém morreu. Assim começa este romance de José Saramago. Colocada a hipótese, o autor desenvolve-a em todas as suas consequências, e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência.»

Depois de ler Ensaio sobre a Cegueira e O Homem Duplicado, as expectativas estavam altas em relação ao que podia ler no futuro de José Saramago. Depois de ler este terceiro livro do autor, posso dizer que muito provavelmente encontrei o meu escritor preferido. E engane-se quem pensa que o digo englobando apenas escritores de língua portuguesa, pois digo-o a nível mundial.
Saramago tornou-se aos poucos num daqueles autores  de quem pretendo ler a obra completa, ou pelo menos grande parte dela - assim como Eça de Queirós ou Tolstói, por exemplo- o que revela todo o meu fascínio pela sua escrita.

Nesta obra em concreto, Saramago escreve na sua maneira típica, uma narrativa inverosímil com uma mensagem muito terrena, repleta de críticas às mais diversas identidades e grupos sociais (como é o caso da igreja).

Num país onde a morte deixa de operar desde o primeiro dia do ano, os seus cidadãos tornam-se num povo feliz e até invejado pelos habitantes dos restantes países. Algo que não dura muito, pois passado pouco tempo começam a surgir as verdadeiras consequências de tal acontecimento; amontoam-se os doentes terminais, a quem a morte não vem buscar como fazia antigamente, algumas industrias sofrem um abalo descomunal - como por exemplo a indústria funerária, que já não tendo ninguém para enterrar teve de se contentar com o enterro de animais domésticos. Acontecimento que por conseguinte leva a que algumas famílias opte por passar a fronteira limítrofe com os seus entes queridos, matando-os de imediato, acto que depois viria a ser desempenhado pela máphia local a troco de dinheiro.
Ironicamente, a morte regressa ao activo levando o país bastardo de volta à normalidade.
O livro tem um desfecho incrivelmente surpreendente, digo-o desta maneira para não estragar a leitura de uma obra que tanto prezo, embora as minhas reviews/opiniões/críticas contenham sempre spoilers (pois também acho que faz parte de uma boa crítica adoçar a boca aos leitores da mesma com um pouco do que de positivo ou negativo tem o livro em questão).

Da minha humilde percepção e ponto de vista, Saramago quis com esta obra mostrar que até a morte é parte importante e até mesmo essencial para o desenrolar da vida "normal" de uma sociedade, sendo que consegue também mostrar o valor da vida, tantas vezes menosprezado e esquecido.

Este autor fascina-me a cada palavra lida, a cada frase, a cada página, com uma escrita inconfundível onde se reflecte um espírito superior ao dos demais autores. José Saramago para mim não é apenas um escritor, mas sim o escritor. Sinto um misto de vários sentimentos ao pensar nas tantas obras que tenho ainda para ler deste autor; sinto pressa e uma vontade enorme de explorar a sua obra até à ultima gota, sinto uma alegria enorme por saber que tenho ainda mais de uma dezena de obras suas para ler mas ao mesmo tempo sinto alguma tristeza por saber que essa mesma lista de obras nunca mais será aumentada

Sinceramente, quando penso em José Saramago sinto orgulho por se tratar de um autor português e sinto uma espécie de pena misturada com vergonha pelo modo como foi tratado por vezes no nosso país, que o levou a isolar-se em Espanha, pois embora tenha sido claramente uma opção pessoal, penso que deve ter sido com grande mágoa que abandonou a sua pátria.

Memorial do Convento, Objecto Quase e Todos os Nomes, são agora as obras do autor que almejo ler num futuro que espero ser o mais próximo possível. O que é algo contraditório, pois neste momento encontro-me em fase de Stop no que toca a comprar livros, pois tenho nas minhas estantes dezenas de livros por ler que decidi não atrasar mais, o que faz com que só volte a ler autores pelos quais me tenho apaixonado daqui a algum tempo.

Aconselho vivamente quem nunca leu José Saramago a experimentar e penetrar nos confins da sua obra, pois têm muito por onde escolher, sendo que daquilo que conheço aconselharia O Homem Duplicado como o livro ideal para se começar a ler este autor. Valorizem aquilo que de melhor temos no nosso país.

Boas leituras,

Fernando

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Colecção de Livros Com a Revista Visão


Como é habitual, a Visão lança mais uma colecção de livros de venda conjunta com a revista. Desta vez o tema é relacionado com livros que originaram filmes, já se sabe que está todas as quintas feiras nas bancas portanto resta-me apenas dizer que a colecção começa dia 4 de Novembro com o livro «Este País não é Para Velhos, de Cormac McCarthy. Abaixo deixo-vos a lista completa das obras que integram a colecção e o respectivo dia de lançamento para as bancas:

4 de Novem­bro: Este País Não É Para Velhos, Cor­mac McCarthy
11 de Novem­bro: Eu Sou a Lenda, Richard Mathe­son
18 de Novem­bro: Casino Royale, Ian Fle­ming
25 de Novem­bro: Mil­lion Dol­lar Baby, F.X. Toole
2 de Dezem­bro: O Estra­nho Caso de Ben­ja­min But­ton, F. Scott Fitz­ge­rald
9 de Dezem­bro: Pre­ci­ous, Sapphire

Cumprimentos,

Fernando

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Memória das Minhas Putas Tristes - Gabriel García Márquez


Título: Memória das Minhas Putas Tristes
Autor: Gabriel García Márquez
Nº de Páginas: 90
Editora: Leya - Colecção Bis
Preço: 5,95 €

Sinopse: «No ao dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei-me de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar os seus bons clientes quando tinha uma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma das suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza dos meus princípios. A moral também é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, tu verás.»

Em Memória das Minhas Putas Tristes fala-se de amor, um amor que surge de forma inesperada quando ao perfazer os seus 90 anos de existência o narrador decide presentear-se com uma noite de sexo com uma adolescente virgem. É nessa prometida noite que o narrador conhece a jovem por quem acaba por se apaixonar, mesmo nunca tendo falado com ela ou sequer visto-a acordada, pois todos os seus encontros se deram com a jovem a dormir. Esta é uma estória bastante interessante que me levou a pensar sobre as várias formas de amor platónico, e esta é certamente uma das mais caricatas, pois os seus dois integrantes são uma bela adormecida que durante todos os encontros está a dormir e um nonagenário que apesar da idade ainda se sente bem de saúde e que escreve uma rubrica jornalística, que é basicamente tudo aquilo que faz da vida, até ao dia em que conhece a bela jovem.

Esta é a segunda obra que leio de Gabriel García Márquez, sendo que a primeira foi «Ninguém Escreve Ao Coronel», que é também uma pequena novela e que à semelhança desta tem poucas páginas, aproveito para dizer que posteriormente será publicada a minha opinião dessa mesma obra aqui no blog. Estas duas pequenas novelas serviram para me apresentar à escrita de García Márquez, que em pouquíssimas páginas conseguiu apaixonar-me e querer ler algo mais da sua autoria. Sei que no seu reportório figuram obras de outro tipo, do género de livros que estou habituado a ler e é isso que vou procurar, pois tenho lido opiniões bastante interessantes acerca de romances como "O Outono do Patriarca", "O Amor em Tempos de Cólera" e do tão aclamado "Cem Anos de Solidão", que já estou para ler há já algum tempo.

Espero com ansiedade o dia em que volte a ler algo deste escritor, algo maior do que aquilo que tenho lido.

Cumprimentos,

Fernando

Ah, a Literatura!

Boas notícias para aqueles que - como eu - não têm Meo e por conseguinte não têm o canal Q, agora já pudemos ver o mais recente programa televisivo de cariz literária através da Internet. O programa «Ah, a Literatura!», já tem blog. Abaixo fica o link, e aproveito para vos aconselhar a verem mesmo os programas mais antigos - os dois primeiros - pois foram ambos muito bons, na minha humilde opinião, é claro.
Para quem não sabe, o programa dá semanalmente no canal Q e é apresentado por Catarina Homem Marques e Pedro Vieira, a quem eu quero desde já dar os parabéns pelo belo programa que fazem.
Aproveitem.

Link: http://ahaliteratura.blogs.sapo.pt/

Cumprimentos,

Fernando

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Citações #3

« - Gosta do mar, capitão.
   - Sim! Amo-o! O Mar é tudo! Cobre sete décimos do globo terrestre. O seu ar é puro e sadio. É o imenso deserto em que o homem nunca está só, porque sente a vida por todos os lados. O mar não é mais que o veículo duma existência sobrenatural e prodigiosa; não é mais que movimento e amor; é o infinito vivo, como disse um dos vossos poetas.»
20 000 Léguas Submarinas, Júlio Verne

domingo, 17 de outubro de 2010

Visionários

Visionários é um documentário sobre os pais da ficção cientifica - Júlio Verne e H. G. Wells - onde pudemos verificar factos simplesmente extraordinários, como o facto de ambos os escritores terem escrito por volta do Séc. XIX obras sobre viagens à lua, máquinas do tempo, e engenhos submarinos, factos esses que têm vindo a tornar-se realidade ao longo do tempo. Decidi colocar este documentário aqui no blog para que quem o visita fique a conhecer mais sobre o autor da obra que de momento estou a ler - Vinte Mil Léguas Submarinas, de Júlio Verne - pois acho também que é uma boa maneira de cativar a atenção dos visitantes para estes conhecidos (não tanto como deveriam ser, infelizmente) profetas da literatura de ficção cientifica. Apreciem.


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Boas leituras,

Fernando

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Revista Bang!


«A Bang! 7, que regressara ao formato impresso depois de uma temporada em digital, revelou-se aquém das expectativas em termos de recepção do público e vendas. Muitos culparam a falta de distribuição, o facto de estar disponível apenas por venda online no nosso site, o preço, etc.

E de facto, todas essas circunstâncias, e mais alguma, contribuíram para que as nossas expectativas não fossem cumpridas.

Por isso, havia dois caminhos a seguir: continuar pelo mesmo caminho que iria eventualmente conduzir à revista Bang! de novo em formato digital, ou tentar algo de novo e mais ambicioso, mas desta vez tudo feito pela equipa da editora. O editor surgiu com um plano e fez a proposta para um novo parceiro, proposta essa que levou tempo a ser negociada, enquanto tudo era mantido no segredo dos deuses.

Agora podemos começar a divulgar os factos: o novo parceiro da revista Bang é a rede de livrarias Fnac. Significa que a revista será distribuída exclusivamente na Fnac. Além disso, a nova revista Bang! será não só distribuída, mas publicitada nas livrarias.

Isto significa o quê?  Terá uma tiragem de 8000 exemplares e será colocada num expositor próprio da revista junto à secção de literatura fantástica das Fnacs do país inteiro. A revista irá ser em formato A4, com miolo a cores e terá 64 páginas, com publicação trimestral.

Não haverá preço. A revista será inteiramente gratuita. Qualquer pessoa pode pegar na revista e levá-la à casa, sem comprar livros. Está confirmada a sua presença nos eventos de Novembro, Colóquio Mensageiros das Estrelas e Fórum Fantástico, e será distribuída gratuitamente na compra de livros no site da SdE e na fnac.pt (apenas em livros de literatura fantástica). O site da SdE e a fnac.pt irá também disponibilizar uma versão PDF.

Os conteúdos tentarão ser abrangentes, embora 64 páginas imponham um limite à nossa imaginação. Para esta edição, podem contar com contos inéditos de autores estrangeiros e nacionais, ensaios e textos de várias personalidades do fantástico português e não só, banda-desenhada, críticas, sugestões de livros, uma rubrica chamada Távola Redonda que, nesta edição, constitui um conjunto de entrevistas sobre uma determinada temática. Os conteúdos não se limitam a material da Saída de Emergência. Na próxima semana, iremos começar a revelar excertos da revista.

Se desejam colaborar com a revista podem fazê-lo. A revista não está fechada a colaboradores convidados, pelo contrário, queremos mais do que tudo novos colaboradores mas que respeitem os nossos critérios editoriais exigentes. Os leitores terão indicações na revista de como enviar ficção e não-ficção (ensaios, críticas literárias, até entrevistas podem ser submetidas), mas as submissões terão que ser previamente aprovadas pelo departamento editorial da revista.

Temos consciência que passámos de 8 para 80 mas tem sido um projecto no qual numa coisa mantivemos a coerência: em cinco anos nunca desistimos, sempre tentando cumprir as nossas expectativas e as dos nossos leitores, de uma forma ou outra.

Para finalizar, não queremos deixar de agradecer a Fnac pelo apoio e por ter acreditado neste projecto, e aos nossos leitores que têm possibilitado o crescimento e sucesso da literatura fantástica.»

Fonte: http://saidaemergencia.blogs.sapo.pt/