quinta-feira, 31 de março de 2011

Citações #12

«A gente entende pouco do semelhante. Cada um de nós é um enigma, que a maior parte das vezes fica por decifrar.»

Bichos, Miguel Torga

segunda-feira, 28 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Calmaria...

Caros visitantes do Travessão; venho, primeiramente, pedir-vos mil desculpas pela recente falta de informação postada aqui no blog. Infelizmente, o actual rumo da minha vida não me permite ter tempo para dedicar a este meu canto de que tanto gosto. Novos posts surgirão assim que tiver a oportunidade, fica prometido!

Abraços, e desejos de boas leituras,

Fernando

quinta-feira, 17 de março de 2011

Citações #11

«Que grande dor de cabeça!... Que peso medonho na arca do peito!... E o corpo mole, sem acção...
Aí vinha a patroa nova observar o andamento daquilo...
Fechou os olhos. Sempre gostava de ouvir o que diria quando o visse como morto...
Ela chegou-se e ficou silenciosa.
Por uma fresta das pestanas espreitou-lhe a cara. Chorava. Desceu novamente as pálpebras, feliz.
E à noite, quando o luar dava em cheio na telha-vã da casa, e os montes de S. Domingos, lá longe, pareciam ter já saudade das suas patas seguras e delicadas, quando o cheiro da última perdiz se esvaiu dentro de si, quando o galo cantou a anunciar a manhã que vinha perto, quando a imagem do filho se lhe varreu do juízo, fechou duma vez os olhos e morreu.»

Bichos, Miguel Torga

terça-feira, 15 de março de 2011

Próxima leitura: Bichos, Miguel Torga

«Querido leitor:
São horas de te receber no portaló da minha pequena Arca de Noé. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer cumprimentar-te uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias, e eu sou instintivamente grato e correcto [...]»

Depois de João Tordo, chegou a vez de Miguel Torga integrar o lote de autores escolhidos para fazer parte do primeiro tema deste Hat-trick Temático. Assim que a leitura for terminada, poderão ler aqui mais esta opinião. Mantenham-se atentos e,

Boas Leituras!

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Bom Inverno - João Tordo


Título: O Bom Inverno
Autor: João Tordo
Nº de Páginas: 290
Editora: Dom Quixote
Preço: 13,46€

Sinopse: «Quando o narrador - um escritor frustrado e hipocondríaco - se desloca a Budapeste para um encontro literário, está longe de imaginar até onde a literatura o pode levar. Planeando uma viagem rápida e sem contratempos, acaba por conhecer um escritor italiano mais jovem, mais enérgico e muito pouco sensato, que o convence a ir com ele até Sabaudia, em Itália, onde o famoso produtor de cinema Don Metzger reúne um leque de convidados excêntricos numa casa escondida no meio de um bosque. O cinema não é, porém, a única obsessão de Don: da sua propriedade em Sabaudia levantam voo balões de ar quente estranhamente vazios, construídos como obras de arte por Andrés Bosco, um catalão cuja relação com o produtor permanece um enigma. Nada, aliás, na casa de Metzger é o que parece; e, depois de uma primeira noite particularmente agitada, o narrador acorda com a pior notícia possível: Don foi encontrado morto no seu próprio lago. Bosco toma nas suas mãos a tarefa de descobrir o culpado e de o castigar, isolando o grupo de convidados na casa e montado-lhes um verdadeiro cerco. Confrontados com os seus piores medos, assustados, frágeis e egoístas, estes começarão a atraiçoar-se e a acusar-se mutuamente, num pesadelo que parece só poder terminar quando não sobrar ninguém para contar a história.
Neste romance absorvente e magnificamente narrado, com alguns dos melhores diálogos da literatura portuguesa, João Tordo coloca a sua arte ao serviço de uma história carregada de suspense, em que o amor e a literatura se misturam com sexo, crime e metafísica, agarrando o leitor da primeira à última página.»

É notória a evolução de João Tordo. Nesta obra, considerada pela crítica uma das melhores narrativas escritas em português nos últimos anos, são precisas apenas algumas páginas para que o leitor se sinta imensamente mergulhado num mar de curiosidade, conduzido pela mestria sorrateira da escrita de Tordo.
Quantas mais páginas se desfolha, mais negro se torna este enredo; à medida que o elenco de personagens se vai fatalmente reduzindo. Gostei particularmente deste novo estilo que João Tordo apresentou nos seus livros: um género de thriller que mistura o romance, o horror, o crime e o suspense.
Outro aspecto que reparei é o de o autor narrar sempre as suas estórias na primeira pessoa - facto interessante - , e que me parece ser claramente praticado com o intuito de criar uma relação de intimidade entre o leitor e o narrador; quanto a isso tenho apenas uma coisa a dizer: missão cumprida!
É inquestionável a qualidade desta obra, mas mais do que isso, esta parece-me ser a afirmação de um autor que tem muito a dar às letras em português.
Como já referi, é notável a evolução do autor do primeiro livro que li da sua autoria - cuja crítica nunca chegou a ser aqui publicada - para este Bom Inverno, o que despertou a minha curiosidade para as outras duas obras do autor que desconheço: O Livro dos Homens Sem Luz (recentemente reeditado pela Dom Quixote) e As Três Vidas (livro que lhe garantiu o prémio literário José Saramago).

Está, então, com o apresentar desta opinião, dado o mote para o primeiro Hat-trick Temático. Dentro em breve será apresentada a próxima obra a integrar este hat-trick, que como é do vosso conhecimento tem como tema as letras lusas. Mantenham-se atentos!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Citações #10

«Olhei em volta; vi o silêncio do bosque e a lisura do lago. Nada naquele lugar sugeria morte e, no entanto, ela era a presença dominante, uma espécie de rumor vindo das águas e das montanhas de Sabaudia que cedo se transformaria numa tempestade. Nada daquilo era plausível, nada daquilo parecia real; e, no entanto, era tão verdadeiro como o chão arenoso debaixo dos nossos pés.»

O Bom Inverno, João Tordo

Booking Through Thursday - Tarefas Múltiplas

Fazes múltiplas tarefas enquanto lês? Outras coisas como cozinhar, lavar os dentes, ver televisão, tricotar, caminhar, etc?

Ou sou só eu, e tu ficas sentado e não fazes mais nada que não seja concentrares-te naquilo que estas a ler?
(Ou, se fazes ambos, porquê, quando, e como é que preferes?

Tenho conhecimento de pessoas que conseguem ler e ao mesmo tempo fazer coisas que a mim me parecem simplesmente impossíveis de realizar. Por exemplo: caminhar. Como é que alguém consegue ler um livro e manter-se minimamente concentrado na sua leitura quando está em movimento? Esta situação comigo correria garantidamente mal. Devo dizer que me sinto incomodado com barulhos ligeiros, como o som de uma televisão - por exemplo - pois então é óbvio que não consiga ler enquanto cozinho ou lavo os dentes.
Pessoalmente, não sou grande fã de tarefas múltiplas enquanto leio - sou fã assumido de literatura - prefiro estar sentado ou deitado num dia de chuva a ler sossegado. O máximo que admito conciliar com a leitura é beber um chá, por exemplo. Tudo o resto fica de parte quando pego num livro.

terça-feira, 8 de março de 2011

Nova rubrica: Hat-tricks Temáticos


Como é perceptivel pelo título do post, será apresentada aqui no blog uma nova rubrica. E essa rubrica consiste na leitura mensal de três livros com alguma semelhança - daí o nome da mesma, Hat-tricks Temáticos
Outra característica que me parece bastante benéfica para esta nova rubrica é o facto de as obras integrantes dos Hat-tricks apenas serem reveladas no dia em que começam a ser lidas, algo que é claramente feito com o intúito de despertar a curiosidade aos visitantes mais atentos.
Esta ideia já estava a ser fermentada à algum tempo, mas só agora me pareceu ser a altura ideal para a lançar aqui no blog, visto que tenho em mãos muito mais tempo disponível para me dedicar à leitura do que aquele de que anteriormente dispunha. 

Bem, e sendo assim parece-me que está na hora de apresentar o primeiro tema desta nova rubrica...

Literatura Lusófona

Como podem facilmente comprovar dando uma vista de olhos à barra lateral - mais propriamente no canto superior direito - o livro que virá dar o mote ao início desta nova rubrica é O Bom Inverno, de João Tordo!

As opiniões aos livros integrantes do primeiro Hat-trick Temático serão postadas assim que as leituras das obras em questão acabem. Para saberem quais os próximos livros a integrarem este Hat-trick e os temas dos próximos Hat-tricks temáticos terão de se manter atentos ao blog.

Até lá, boas leituras

Fernando

Livros a Meio

Este post nasceu devido a algumas reacções menos positivas que tive acerca de alguns livros, que consequentemente me levaram a abandoná-los a meio. As razões para que parasse de os ler são várias; desde um súbito desinteresse pelo tema retratado, ao sacrifico feito na obra de Vargas Llosa para ler cerca de 80 páginas, tal como disse são várias as razões.
Isto apenas me sucedeu por duas vezes, sendo que uma delas foi com o livro que estava a ler ainda ontem - Isto é Comédia, de Fernando Bilé - e foi precisamente por ver repetido o que me sucedeu com Os Cadernos de Dom Rigoberto que decidi fazer este post.
Outro facto que quero salientar é o de partir (assim que desisto de um livro a meio) para outra leitura onde tenha alguma garantia de que a priori vou gostar, como aconteceu recentemente ao saltar do Fernando Bilé para o João Tordo. Sou da opinião que ler deve ser um enorme prazer, e não um sacrifício que tenha de ser feito quando era suposto o leitor estar a divertir-se com aquilo que lê.

Atenção, porque o facto de os ter deixado a meio não quer dizer que não os venha a ler no futuro - muito pelo contrário - significa apenas que no momento não me caíram bem.

Os livros que deixei a meio foram: Os Cadernos de Dom Rigoberto - Mário Vargas Llosa;
                                                     Isto é Comédia - Fernando Bilé

    

Já vos aconteceu deixarem livros a meio? Quais foram os livros? Quais os motivos para que tal acontecesse? Aborrecimento? Desinteresse? Já leram algum dos dois que eu deixei a meio?

Cumprimentos

segunda-feira, 7 de março de 2011

Citações #9

«O meu problema foi sempre o oposto. Pelo menos até há poucos anos. Vivi muito tempo demasiado disponível. Demasiado pronto a experimentar um bocado de tudo. Queria estar em toda a parte ao mesmo tempo e tinha inveja de toda a gente que estava noutro lugar qualquer. Um bocado como os velhos que têm saudades da ditadura só porque na altura ainda eram novos...»

O Bom Inverno, João Tordo

Jornal Expresso oferece biografias marcantes do século XX

Aqui está uma boa oportunidade de conhecer o percurso de personagens marcantes do século passado, de Fernando Pessoa a Ghandi, de Che Guevara a Nelson Mandela - aproveitem!

«O Expresso vai oferecer a partir de 5 de março uma coleção de biografias de algumas das figuras mais marcantes e incontornáveis da História, quer pelos seus percursos de vida verdadeiramente inspiradores, ou pela defesa de causas, teorias ou obras que marcaram o mundo.

O semanário mais lido em Portugal decidiu convidar para cada uma destas biografias uma figura conhecida, que escreverá um prefácio de apresentação da personagem em causa.

As personagens biografadas e os prefaciadores convidados são as seguintes:

1. Fernando Pessoa - Clara Ferreira Alves
2.
Nelson Mandela - Mário Crespo
3.
John Kennedy - Francisco Pinto Balsemão
4.
Albert Einstein - Nuno Crato
5.
Gandhi - Henrique Monteiro
6.
Che Guevara - Ricardo Costa
7.
Martin Luther King - Miguel Monjardino
8.
Sigmund Freud - Pedro Mexia »

2º Encontro Livreiro


«O Encontro Livreiro será o que todos nós quisermos que seja.
Queremos manter o seu carácter informal e de convívio e que, a pouco e pouco, se vá alargando a cada vez mais «GENTES DO LIVRO». Assim sendo, sugiro que cada um dos presentes no I Encontro, não só repita a sua participação, mas também garanta a presença de, pelo menos, mais dois ou três novos elementos. E que quem não pôde estar presente em 2010, o faça este ano e traga outro(s) amigo(s) também
 
 

quinta-feira, 3 de março de 2011

Booking Through Thursday - Batota

Fazes batota e espreitas o final dos livros? (Vá lá, sê honesto.)

Não só não o faço como acho que seja uma acção absurda. Creio que um dos objectivos em ler um livro é deixar-se entrosar num enredo, mergulhar de cabeça num mar de curiosidade e de suspense que se vai clarificando com o virar de cada página, logo considero o acto de espreitar as páginas finais de uma estória impensável e acho que se deve guardar a curiosidade para no momento certo ver o esforço ser compensado.