sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Entrevista: Maria Araújo Lima


Como o prometido é devido, aqui vos deixo a entrevista que vem estrear esta nova rubrica trimestral do blog «O Travessão». E que melhor escolha para começar um blog sobre literatura em português do que a autora de um recém lançado thriller policial, este estilo tão pouco explorado no nosso país e que na minha opinião sofre de um aproveitamento deficiente por parte dos escritores lusitanos. Como já devem ter reparado a escritora é Maria Araújo Lima e é a autora de Anástasis, a quem quero desde já agradecer pela disponibilidade!


1 – Maria Araújo Lima, quando e porquê decidiu tornar-se escritora?
 A verdade é que nunca pensei tornar-me escritora, e hoje com o livro à venda ainda não me sinto como tal. O que decidi, desde sempre, foi apostar na minha vontade e gosto pela escrita…
  
2 – Já tinha escrito algum livro antes do Anástasis? Faço-lhe esta pergunta porque sei de casos de escritores que apesar de terem livros concluídos os deixam guardados na gaveta durante anos.
Já tinha escrito há uns anos um romance juvenil, mas que continuará, sim, guardado na gaveta. A realidade é que muitas das experiências que foquei tiveram por base a adolescência que conheci, e que em pouco se assemelha à dos dias que correm. Pelo que já não tenho intenção de o tornar público.

3 – Fale-nos um pouco de como foi escrever o Anástasis.
Escrever o Anástasis foi apaixonante. Durante nove meses da minha vida não pensei em praticamente mais nada que não fosse o conteúdo deste livro. As personagens ganhavam forma na minha mente e queria todos os dias escrever mais e mais.
Antes de o iniciar efectuei algumas pesquisas, também fruto da minha veia jornalística, e de entre o resultado da minha busca de informações realçou-se um facto, que se prendia com uma história verídica em torno de um manicómio em Londres, momento em que me senti beliscada e preparada para o começar a escrever de imediato.
Cada parágrafo era novo para mim, não fazendo a mais pequena ideia no que iria resultar a nova história que criava. Sabia que do enredo faziam parte muitas personagens e que estas teriam que se interligar e dar origem a um final surpreendente. Esse foi o meu desafio!
Adorei escrever esta história, deu-me um gozo imenso.

4 – O que sentiu quando viu, pela primeira vez, o seu livro na prateleira de uma livraria? Imagino que tenha sido uma enorme sensação de prazer…
Foi de tal forma enorme, que puxei do meu telemóvel e fotografei -o na prateleira, para que me recorde sempre que perante seja qual for o obstáculo com que me cruze eu não posso desistir. O Anástasis mais que uma concretização profissional foi pessoal. Ou não tivesse sido esta história trazida aos seus leitores através de uma simples edição de autor.

5 – Diga-nos, quais foram os escritores que mais a influenciaram (nacionais e internacionais) e se conseguir enumera-los, alguns dos seus livros favoritos?
Posso dizer-lhe que não pretendo destacar nenhuma influência, uma vez que acredito ser influenciada por tudo o que me rodeia.
O meu género preferido seja em livro ou em filme prende-se com romances históricos, thrillers policiais e terror.
O Anástasis foi também muito inspirado pelo cinema, onde os diálogos assumem principal destaque em detrimento das descrições. No qual o ritmo acelerado e a narrativa fluída parecem mais facilmente prender a atenção do leitor.
Relativamente a livros favoritos, destaco simplesmente três livros que me marcaram: “Samarcanda”; “Anjos e demónios”; “A vencedora” – 3 estilos completamente diferentes  e que ainda não esqueci.

6 – Tem algum método específico de escrita? Por exemplo: Começar pela descrição das personagens, como faz no Anástasis?
Nenhum estipulado, simplesmente agarro na caneta que estiver mais à mão e deixo-me guiar pela imaginação…

7 – Fale-nos um pouco do processo pelo qual passou o seu livro até chegar às prateleiras das livrarias, do momento em que o acabou de escrever até ao dia em que o apresentou pela primeira vez numa loja.
O livro foi escrito em 2008. Quando terminado foi apresentado a algumas editoras do mercado nacional, mas sem sucesso, pois não foi seleccionado. Nesse mesmo ano permiti desmotivar-me e duvidar do meu projecto, tendo-o guardado. Já em finais de 2009, talvez a braços com uma maior confiança, decidi eu própria ir buscá-lo à gaveta e dar-lhe vida. Decidi testar a sua viabilidade, a sua aceitação junto dos leitores. Contactei gráficas, revisor, paginador, designer, tratei das questões legais, do processo, da divulgação, do registo e a 01 de Julho de 2010 o Anástasis estava a ser oficialmente apresentado na Fnac do Norteshopping, perante mais de 100 pessoas.
Foi um período muito complicado, pois à partida eu não sabia fazer mais nada além de escrever, o apoio dos que me rodeiam foi fundamental na concretização deste objectivo, sem eles teria sido mais difícil…

8 – Corrija-me se estiver errado, mas pelo que sei escreve sempre prosas, alguma vez pensou aventurar-se por outros caminhos?
(sorrisos) Pensar pensei… mas nesta altura o meu caminho passa apenas pela prosa. Gosto de escrever textos soltos, pensamentos livres, estórias. Gosto de dar voz à minha mente. Gosto de escrever quando me apetece e como me apetece. Para já sinto ser esta a minha vocação. Apesar de ter tido um bisavô poeta, de seu nome Matias Lima, que com certeza me terá deixado mais qualquer coisa no sangue. (sorrisos)

9 – Qual é a sua opinião em relação aos ebooks, Um pau de dois bicos? Se por um lado podem ser vistos como ameaça à venda dos livros em formato papel, por outro podem ser vendidos em formato digital de igual forma e ainda serem mais fáceis de transportar…
Não tenho nada contra os ebooks. Não me afectam particularmente e penso que a ninguém. É um sinal de evolução e não devemos ter receio do avanço, devemos sim saber como aproveitar esses mesmos progressos tecnológicos e acompanhá-los, usando-os em nosso benefício.
Uma coisa é certa, para mim continua a ser bem mais agradável folhear o papel.

10 – Tem algum conselho para os leitores que um dia queiram escrever um livro?
Todos que pensam em escrever só têm de o fazer. A escrita é um processo libertador, de expressão, de relaxe e de encanto. Faz-nos sentir bem, é ainda uma forma de realização especial, que se encontra ao alcance de todos.

11 – Já pensou no que vai escrever a seguir ao Anástasis?
 Depois do Anástasis ainda só escrevi pensamentos... Do amanhã pouco ou nada sei.

12 – Prefere o silêncio total enquanto lê e escreve ou não dispensa uma boa música de fundo?
Escrevo em qualquer sítio, desde que esteja com disposição para tal. Os únicos ingredientes que não dispenso são: a caneta, o papel e a imaginação.

13 – Sentiu muitas dificuldades durante o processo de publicação do seu livro? Quais acha que foram as razões para tal?
Uma edição de autor enfrenta sempre dificuldades, pois o autor está sozinho a fazer o mesmo trabalho que uma editora faz, acompanhada por uma equipa de especialistas, a todos os níveis, dominando todos os contactos de distribuição, e publicidade. Tudo seria mais fácil se estas pudessem estar sempre do nosso lado …

14 – Diga-nos, onde podemos encontrar ou encomendar o Anástasis?
O Anástasis encontra-se à venda na Fnac do Norteshopping (Matosinhos), no entanto em qualquer uma das Fnac´s do país podem encomendá-lo. Caso pretendam poderão ainda requisitá-lo através do email: anastasis.maria@gmail.com, que o mesmo será posteriormente enviado via ctt.

15 – Maria, muito obrigado pela entrevista! Desejo-lhe a melhor das sortes não só no mundo literário como também na sua vida pessoal. Uma última palavra para os seus leitores e para as pessoas que depois de lerem esta entrevista procurarão o seu livro…
Espero mesmo que procurem e arrisquem. Deixem-se levar pelo enredo e envolver pela história, que no final serão certamente surpreendidos. 




Espero que tenham gostado da entrevista, pois eu gostei tanto de fazê-la que fica desde já prometido que tentarei fazer de tudo para que seja cumprido o prazo desta nova rubrica trimestral.
Já leste o Anástasis? Gostaste? O que achaste da entrevista? A Secção de comentários está à vossa disponibilidade.

Abraço, Fernando
 

2 comentários:

  1. Olá Fernando!

    Obrigada por passares pelos meus Devaneios!
    Bem-vindo!

    Quanto à entrevista está muito muito bem feita!
    Tenho de ler este livro!

    Bjokas*

    Jo

    ResponderEliminar
  2. Olá Jojo!

    Não tens nada de agradecer, eu é que agradeço, pois tal como disse no teu cantinho foram blogs como ele que me incentivaram à criação do Travessão.

    Quanto ao Anástasis, acredita que eu também tenho mesmo de o ler!

    Cumprimentos, Fernando

    ResponderEliminar