segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Mandarim - Eça de Queirós

Título: O Mandarim
Autor: Eça de Queirós
Nº de Páginas: 95
Editora: Edi9 - Sociedade Editorial de Inovação - Biblioteca Essencial Jumbo
Preço: 1,59€

Sinopse: «Do ponto de vista da evolução literária de Eça de Queirós, O Mandarim representa um momento de mudança: aquele em que o autor abandona a «preocupação naturalista» e se deixa levar pelos «ímpetos de verdadeiro romântico que no fundo era».
Publicado pela primeira vez em folhetim, no Diário de Portugal, em 1880, O Mandarim transporta-nos ao Oriente, cenário exótico do imaginário queirosiano, que serve de contexto à história de Teodoro, um pacato amanuense do Ministério do Reino. Teodoro, movido pela tentação, aguçada por um Diabo, de pôr fim aos dias de um abastado Mandarim chinês, de forma a herdar a sua fortuna...»


«Só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas mãos: nunca mates o Mandarim!»

Opinião: Já faz algum tempo que estava à espera de uma oportunidade para ler algo de Eça de Queirós, de modo a conhecer a sua escrita e então depois poder ler a sua mais famosa obra, Os Maias, que possuo faz algum tempo mas que por uma simples metodologia optei por não ler, esta minha metodologia consiste na simples razão de eu gostar de ir conhecendo a escrita de um autor que me desperte alguma curiosidade começando por obras de menor renome, o que não significa que sejam de menor qualidade, até chegar ao dito clímax da obra do autor em questão, eu sei que não sou o único a agir deste modo pois tenho conhecidos que também agem da mesma maneira.

Quanto ao livro propriamente dito, começo por dizer que fiquei muito agradado com o enredo no seu todo e que gostei principalmente da mensagem transmitida. Eça de Queirós transmite nesta prosa uma mensagem de uma honestidade e de uma humildade tremendas, com as quais me identifiquei totalmente.
A frase que coloquei acima a negrito resume, na minha opinião, não toda a estória mas o essencial dela.

Teodoro é um secretariado do Ministério do Reino que a partir da simples leitura de um in-fólio vê aparecer-lhe a oportunidade de possuir uma enorme fortuna, e tudo o que tem de fazer para esse efeito é tocar uma simples campainha, sendo que no exacto momento em que a campainha for tocada morre um Mandarim mais rico que todos os Reis de que as histórias falam, trespassando por conseguinte toda a sua fortuna a quem tiver a ousadia de tocar a dita campainha. Teodoro acaba mesmo por tocá-la e herda uma fortuna imensa que lhe permitirá viver da maneira que sempre sonhou, até que a sua Consciência o faz lembrar que o Mandarim Ti Chin-Fu podia ter uma família, podia ter pessoas dependentes dele, o que faz com que Teodoro, o simples homem que trabalhava para o Ministério do Reino, rico e famoso do dia para a noite, embarque numa viagem em busca da família do Mandarim a fim de casar com uma familiar do Mandarim e compensar o povo pela perda que sofreram. É com certeza uma história de beleza e qualidade fora do comum.

Quero por fim, assinalar a forma extremamente cómica como o autor termina a sua prosa, que é a seguinte(perdoem-me os leitores que queiram ler o livro no futuro):  «E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta ideia: que do norte ao sul e do oeste a leste, desde a Grande Muralha da Tartária até ás ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!»

E a pergunta que fica no ar ao ler esta obra é a seguinte: O que farias tu se tivesses uma oportunidade destas?

Cumprimentos, Fernando

5 comentários:

  1. Adoro Eça!
    As suas personagens, caricaturas e a sua escrita é do melhor!
    Ainda não li O Mandarim mas está na minha lista!

    Quanto à tua pergunta... acho que nunca faria o que Teodoro fez. Riqueza não é tudo! Mas falar é fácil!

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  2. Olá Jojo, devo dizer-te que também começo a gostar muito de Eça de Queirós, e ainda só li esta obra do autor, a próxima será aquela que referi no post, não vejo a hora!

    Aproveita e dá uma olhadela no post abaixo de nome "Boas Oportunidades", lá vais encontrar uma Excelente oportunidade para adquirires esta obra de Eça de Queirós.

    Eu partilho da tua opinião quando dizes que nunca farias o que Teodoro fez, mas vejo-me obrigado a concordar também com a tua afirmação final, falar é facil demais.

    Boas leituras e cumprimentos,

    Fernando

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  3. Esta obra foi a que menos gostei, muito embora não lhe tire o seu mérito!
    As minhas preferidas são "Os Maias" (primeira obra lida), "A Capital", "A cidade e as Serras", "O Primo Basílio (que tem parecenças com Madame Bovary, de G. Flaubert), "A Relíquia". Depois ainda refiro "A Ilustre Casa de Ramires" e "O Mistério da Estrada de Sintra", como duas obras muito boas!
    Das oito obras que ainda tenho em prateleira por ler, as que me suscitam mais curiosidade são "O Conde D'Abranhos" e "A Tragédia da Rua das Flores".
    Quanto ao "Crime do Padre Amaro" como já vi algumas adaptações cinematográficas vou deixando para o fim, por já ter conhecimento da história.
    Boas leituras na descoberta de Eça! ;)

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  4. Tons de Azul, de todas as obras que citaste do autor posso dizer-te que a próxima que vou ler é "Os Maias" que possuo já há bastante tempo mas preferi deixar para depois, por uma razão que vais poder ver se continuares a passar por cá de vez em quando :)

    Outra obra do autor que me chamou a atenção foi "A Reliquia", sobre a qual li uma boa opinião no antigo blog de Saramago (Que a sua alma descance em paz), portanto consta já da minha wishlist.

    Cumprimentos uma vez mais,

    Fernando

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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